Portas Abertas • 8 ago 2007
O diário francês “Lê Monde” publicou ontem matéria sob o título “Proselitismo das Igrejas sul-coreanas estende-se até Cabul” em que aborda a atividade missionária no momento em que 21 reféns evangélicos continuam em poder de membros do Talibã, no Afeganistão. A reportagem traz dados interessantes, como um histórico da fé cristã na Coréia do Sul, um breve relato sobre a vida do pastor Bae Hyung-kyu, a primeira das duas vítimas executadas pelos extremistas, além de seu esforço em ajudar perseguidos na China e Coréia do Norte. No entanto, no último parágrafo, afirma que essas ações têm como “objetivo atrair os jovens e arrecadar doações”.
O texto ressalta “o enraizamento da fé cristã neste país (Coréia do Sul) de tradição budista, no qual, apesar de tudo, cerca de 30% da população é protestante (8,5 milhões) ou católica (5,1 milhões)”. E afirma que as igrejas sul-coreanas também se caracterizam por estarem entre as mais ativas do mundo quando se trata de difundir a mensagem cristã no exterior.
Entre 12.000 e 17.000 missionários sul-coreanos vêm atuando com este propósito por todo o planeta, diz o texto. Neste ranking, a Coréia do Sul está colocada logo atrás dos Estados Unidos (40.000). Os seus missionários estão presentes nas regiões mais perigosas. Em 2004, um aspirante a pastor e intérprete foi degolado no Iraque pelos seus seqüestradores.
”Eles também se mostram atuantes do lado chinês da fronteira com a Coréia do Norte, onde a meta é ajudar os refugiados perseguidos a emigrarem rumo a algum país do sudeste asiático, de onde eles são encaminhados para a Coréia do Sul. Muitos desses missionários foram presos pelas autoridades chinesas e permanecem detidos até hoje.”
Jerusalém da Ásia
A reportagem faz questão de enfatizar que “ o pastor Bae Hyung-kyu, que havia renunciado a uma carreira de empregado numa grande empresa para estudar teologia, era um desses missionários que viajam periodicamente ao exterior, no quadro de ações humanitárias. Ele era membro da pequena comunidade presbiteriana de Saemmul, em Bundang, na periferia de Seul. E partira para o Afeganistão com um grupo de jovens com idades de 20 a 35 anos, com o objetivo de praticar ações humanitárias na região de Kandahar”. Leia mais sobre o caso.
De acordo com a reportagem, depois das Filipinas, a Coréia do Sul desponta como o país da Ásia mais evangelizado. A fé cristã, introduzida na península a partir do século 18 por coreanos que tomaram conhecimento na China de textos deixados pelos jesuítas (expulsos em 1722), foi inicialmente clandestina, a seguir perseguida, e expôs seus fiéis ao martírio. Ela conheceu uma expansão com a abertura do país, no final do século 19.
“A Coréia tornou-se então uma terra de missões. As Igrejas protestantes, logo seguidas pela Igreja católica (principalmente por obra das Missões Estrangeiras de Paris), foram particularmente ativas na parte norte do país. Durante os anos 1920, Pyongyang era considerada como a "Jerusalém da Ásia", por abrigar importantes congregações presbiteriana e metodista”.
Diz o texto que em muitos casos, “são os descendentes desses cristãos do Norte que, refugiados no Sul depois da chegada dos comunistas em 1945, mostraram ser os mais atuantes em evangelizar a República Popular Democrática da Coréia (RPDC)”.
Por fim, o “Le Monde” afirma que “as grandes igrejas protestantes (e a multidão de seitas diversas que se desenvolveram na sua esteira) dão mostras atualmente de um proselitismo que chega a beirar a militância, com o objetivo de atrair os jovens e arrecadar doações. A realização de missões no exterior faz parte deste ativismo”.
Leia o texto completo, em francês, no Le Monde
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