Políticos criticam projeto da UE de cortar vantagem fiscal da Igreja

Portas Abertas • 2 set 2007


A maior parte da classe política italiana defendeu a Igreja Católica contra as críticas de Bruxelas, que denunciou vantagens fiscais de que se beneficia. Apesar de o presidente do Conselho italiano, Romano Prodi, não ter reagido ao anúncio de que a Comissão Européia poderia abrir em breve uma investigação, dois de seus mais importantes ministros condenaram a iniciativa.

Lembrando que a Igreja italiana ajudou muitas pessoas, seu líder, monsenhor Angelo Bagnasco, também advertiu para os "preconceitos ideológicos".

As vantagens concedidas incluem a isenção da taxa imobiliária para algumas atividades e uma redução de 50% da taxação sobre as empresas nos setores da saúde e da educação.

A Igreja italiana possui um gigantesco patrimônio imobiliário (escolas, universidades, hospitais, asilos...) avaliado pelo jornal "La Reppubblica" em 100.000 edifícios num valor total de nove bilhões de euros.

Para o ministro italiano da Justiça, o católico centrista Clemente Mastrella, a alegada distorção da concorrência levantada pela Comissão Europeia não passa de "pretexto".

Perseguição velada

O ministro da Infra-estrutura, o ex-magistrado anticorrupção Antonio Di Pietro, denunciou "uma manipulação política para prejudicar os que fazem o bem", afirmando que a União Européia (UE) "deveria se preocupar com os paraísos fiscais".

A direita também não ficou atrás. O ex-ministro para Assuntos Europeus Rocco Buttiglione, forçado a renunciar a um cargo de comissário europeu por ter declarado que a homossexualidade era um pecado, pediu a Comissão Européia que não alimente "as suspeitas de uma UE anticristã".

Forza Italia, o partido do ex-premier italiano Silvio Berlusconi, acusou implicitamente uma ministra do governo Prodi, a ex-comissária européia Emma Bonino, integrante do Partido Radical, de estar por trás das reclamações emitidas pela Comissão.

De fato, a esquerda radical e os ecologistas são os únicos a terem apoiado sem reservas a iniciativa da UE.

A Comissão européia, que está disposta a abrir a investigação sobre as atividades imobiliárias da Igreja católica italiana, defendeu-se da acusação de perseguição a comunidades religiosas, destacando que apenas zela pelo cumprimento do direito.

"O diálogo com as Igrejas e comunidades religiosas está acima de qualquer reprovação", afirmou Johannes Laitenberger, porta-voz do presidente da Comissão, José Manuel Barroso.

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