Igrejas domésticas chinesas têm dúvidas a respeito do registro

Portas Abertas • 13 jan 2004


O registro ainda é um assunto em ebulição para as igrejas domésticas da China que sofrem há muito tempo. O governo insiste no registro como o único meio da existência legal para as igrejas. Na prática o registro significa a sujeição à Agência de Assuntos Religiosos do Partido Comunista e outros órgãos do partido, todos eles controlados por ateus.

Nas igrejas registradas o evangelismo, as finanças, os compromissos dos pastores, o conteúdo do treinamento teológico e os sermões de domingo, tudo é no final administrado pela Agência de Assuntos Religiosos. O grau de autonomia concedido às igrejas, registradas ou não, varia muito de província para província. Entretanto, de acordo com a política oficial do Partido Comunista, o controle total dos assuntos religiosos não é negociável.

Um líder da igreja doméstica da província de Jilin, norte da China, escreveu recentemente uma carta resumindo os argumentos a favor e contra o registro. Sua carta ilustra vividamente o dilema enfrentado pelos crentes de muitas igrejas domésticas.

Em 1994, uma irmã do nosso vilarejo abriu voluntariamente sua casa para as reuniões de uma igreja nos lares. Nos últimos anos, Deus salvou 40 a 50 irmãos e irmãs. No final de 2002, autoridades da Agência de Assuntos Religiosos e da Agência de Segurança Pública da nossa comarca fecharam a nossa igreja porque não a tínhamos registrado junto ao governo. Eles chegaram à conclusão que as nossas reuniões dessa forma eram ilegais. Se não nos registrarmos, não teremos permissão para nos reunir. Temos permissão para crer em Deus em particular, em nossas próprias casas.

Vários dos nossos obreiros examinaram as Escrituras e acreditam que não é certo a igreja registrar-se. Agora a nossa igreja está espalhada e sob perseguição. Se a igreja se registrar, será como uma esposa com dois maridos.

A Bíblia fala da submissão às autoridades constituídas. Como cristãos acreditamos que devemos de fato pagar todos os nossos impostos. Mas em matéria de fé, a igreja não pode ao mesmo tempo seguir a Cristo e submeter-se ao governo.

Os líderes da nossa igreja acreditam que as igrejas domésticas caminham por uma senda estreita. Por causa disso, eles sofrem grande perseguição. Mas, em um vilarejo vizinho, existe uma grande igreja registrada estabelecida há 10 anos. Com base em Romanos 13, seus líderes acreditam que a igreja deve obedecer os poderes superiores e registrar-se junto ao governo, enquanto o governo não a impeça de pregar. Devido os pontos de vista dessas duas igrejas serem diferentes, os líderes não têm comunhão espiritual.

Os pontos de vista dos nossos líderes estão corretos, ou eles contêm elementos extremos? Deve a igreja se registrar ou não? Se ela se registrar, terá cometido o pecado do adultério espiritual? A nossa falta de comunhão com a igreja oficial constitui uma separação?

Obviamente, as igrejas domésticas da China necessitam de claras respostas teológicas e práticas ao dilema do registro. Os que acreditam que o registro é contrário aos princípios bíblicos devem encontrar outras formas de se relacionarem com o governo e defenderem o direito à liberdade da crença religiosa.

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A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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