Portas Abertas • 16 jan 2004
Um pastor protestante da província paquistanesa do Punjab foi assassinado nas primeiras horas de 5 de janeiro, logo depois que ele saiu de casa para tomar um trem para Lahore. O pastor Mukhtar Masih (foto), 50, recebeu um tiro no peito à queima roupa de uma pistola calibre 32 por volta das 3h00 da madrugada em Khanewal, cerca de 290 quilômetros a sudoeste de Lahore.
Quarenta e cinco minutos depois de ter saído de casa, dois policiais bateram à porta para informar a família que o corpo do pastor havia sido encontrado na estrada cerca de 90 metros da estação de trem. A polícia disse que seu corpo estava com o rosto para baixo, seu chapéu ali próximo, e que não havia sinais de luta.
Devido a sujeira e mancha de grama nas costas da jaqueta do pastor, pareceu que o corpo do pastor tenha sido arrastado alguma distância do verdadeiro local do crime. O estranho ângulo do ferimento da bala também indica que Masih, que era um homem alto estivesse ajoelhado ou sentado quando foi baleado. As autoridades policiais locais de Khanewal anunciaram que três grupos de policiais foram formados para investigar o assassinato e prender o(s) matador(es) desconhecido(s).
De acordo com uma reportagem do Daily Times de 6 de janeiro, o superintendente de polícia local, Jamil Ahmed, descartou a possibilidade de latrocínio. Não foi um caso de assalto, porque o dinheiro e os documentos foram encontrados intactos em seus bolsos, disse Ahmed. Cerca de 3.500 rupias (58 dólares) foram recuperados do corpo do pastor assassinado.
A polícia disse ontem que suspeitava tratar-se de um assassinato motivado por rancor. Faz muito frio no Paquistão em janeiro às 3 horas da manhã para que uma pessoa em são juízo esteja fora de casa a não ser que tenha um objetivo definido, como fez o pastor Mukhtar, disse a Portas Abertas em 8 de janeiro de Lahore uma fonte que conversou com a polícia. Por isso (a polícia) especula que alguém deve ter ficado sabendo de sua intenção de tomar o trem e ficou à sua espera.
Masih pastoreou durante 14 anos em Khan Pur, um distrito da cidade de Khanewal. Pelo menos metade da população da colônia, que consiste de cerca de 2.000 casas, é cristã.
Como pastor da Igreja de Deus, local, Masih dirigia regularmente 10 minutos de oração e leitura bíblica pelo alto-falante da igreja às 6 horas da manhã diariamente. Tal prática é comum no Paquistão em áreas com grandes populações cristãs, assim como os alto-falantes das mesquitas são usados para chamar as comunidades muçulmanas à oração.
De acordo com as descobertas de uma equipe de investigação do Centro para Assistência Legal e Conciliação baseado em Lahore (CALC), alguns muçulmanos locais de Khan Pur há alguns anos discutiam com Masih a respeito do uso do alto-falante.
Os membros da congregação de Masih de 50 a 100 pessoas, confirmaram que os muçulmanos haviam ameaçado o pastor em muitas ocasiões, e várias vezes os alto-falantes foram danificados. Pelo menos em uma ocasião, a polícia tirou os alto-falantes da igreja e prendeu Masih, liberando-o finalmente ileso depois dele passar quatro dias na cadeia.
No entanto, os cristãos locais desconheciam qualquer provocação recente que pudesse ter ocasionado a morte do pastor na segunda-feira.
Parece que alguém sabia de sua programação e esperava por ele, observou a equipe de investigação do CALC depois de visitar Khanewal no dia 7 de janeiro. Após examinar todos os fatos, presumimos que se trata de um caso de terrorismo, concluíram eles.
Depois da autópsia, foram realizados os serviços fúnebres para o pastor assassinado na tarde de 6 de janeiro em Khanewal.
O pastor morto deixa a esposa, Parveen, e sete filhos, inclusive duas filhas casadas. Em um homicídio semelhante há seis meses, um padre católico romano foi assassinado em sua casa perto de Okara.
Os muçulmanos acusados já deveriam ter sido presos, apesar da polícia ter acusado formalmente quatro cristãos, alegando que eles mataram o padre durante uma tentativa de assalto à mão armada com dois cúmplices muçulmanos.
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