Habiba Kouider foi pressionada a renunciar a Cristo

Portas Abertas • 4 jun 2008


Habiba Kouider, 35 anos, foi humilhada em um ônibus intermunicipal fora da cidade de Tiaret, onde mora, no dia 29 de março, depois que um policial encontrou várias Bíblias e livros sobre cristianismo em sua bolsa de mão. Detida por 24 horas e interrogada pela polícia por causa de sua conversão, ela foi levada a um promotor público do Estado.

"Volte para o islamismo e eu deixarei o caso de lado; se você insistir no pecado, você vai experimentar a justiça", disse o promotor para ela, segundo o jornal francês "Le Figaro".

O jornal argelino "el Watani" relatou na última quarta-feira, 21 de maio, que Habiba Kouider "se recusou a deixar a nova fé mesmo sob forte pressão", incitando o promotor a apresentar acusações contra ela.

Ela é acusada de "praticar ritos religiosos não-muçulmanos sem licença", de acordo com uma cópia escrita das acusações obtida pelo Compass. Um promotor-público solicitou uma condenação de três anos de prisão para ela ( leia mais sobre o julgamento).

"Foi como se eles estivessem dizendo que se alguém se tornar um cristão ele terá que ter permissão", disse um cristão de Tiaret.

Humilhação no tribunal

De acordo com o relatado, o juiz de uma corte da cidade de Tiaret ridicularizou Habiba Kouider pela sua conversão há quatro anos.

"Os sacerdotes fizeram você beber a água que leva para o paraíso?" perguntou o juiz, segundo matéria publicada no dia 20 de maio pelo jornal francês "Le Figaro".

Na audiência, a advogada de defesa de Habiba Kouider disse à corte que a acusação contra sua cliente não existe na lei. "Não existe nenhum indício possível para julgar indivíduos por ‘praticar culto não-muçulmano sem autorização’", disse Khelloudja Khalfoun, de acordo com o "el Watani".

Ela acrescentou: "Que autoridade, moral ou administrativa é designada para autorizar a prática desta ou daquela religião?"

Acusação sem fundamento

Khelloudja Khalfoun, uma famosa advogada de direitos humanos e nativa de Tizi Ouzou, local que fica a 200 milhas a oeste de Tiaret, concordou em aceitar o caso de Habiba Kouider depois que advogados locais se recusaram a representar a moça cristã.

Este ano uma lei de fevereiro de 2006 regulamentando cultos não-muçulmanos foi citada em várias prisões e julgamentos de cristãos argelinos. A legislação, conhecida como Lei 06-03, criminaliza o proselitismo de muçulmanos, assim como a distribuição, produção e armazenamento de material usado para este fim.

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