Portas Abertas • 18 ago 2008
Hua Huiqi, ativista cristão e pastor de uma igreja não-registrada, escreveu uma carta para o presidente norte-americano George W. Bush, no domingo (10 de agosto), pedindo oração por sua segurança pessoal e por liberdade religiosa para todo o povo chinês.
Nesse mesmo dia, policiais com roupas civis prenderam Hua para impedir que ele participasse de um culto na igreja protestante registrada Kuanjie, em Pequim, ao qual Bush deveria comparecer, de acordo com a programação de sua visita ao país (leia mais).
Hua Huiqi fugiu dos policiais enquanto eles dormiam; no momento em que a notícia foi divulgada, ele ainda continuava em um esconderijo. Durante a semana, vários outros cristãos também continuaram detidos ou em prisão domiciliar enquanto acontecem os Jogos Olímpicos.
Hua, na carta que escreveu, publicada pela Associação de Ajuda à China (CAA, sigla em inglês), agradeceu ao presidente Bush por sua preocupação com as igrejas chinesas não-registradas, além de expressar seu pesar por não poder comparecer ao culto do domingo. Ele também descreveu sua detenção, dizendo que sete ou oito policiais o chutaram e lhe deram socos antes de prender ele e seu irmão, Hua Huilin.
“Interrogaram-nos no local onde nos detiveram”, escreveu Hua. “Eles fizeram ameaças: ‘Nós não permitiremos que você vá à igreja Kuanjie hoje. Se você disser mais uma vez que comparecerá à igreja, quebraremos suas pernas’.”
Hua conseguiu escapar, mas temia as conseqüências. “Agora estou vagueando sem destino e não ouso voltar para casa”, escreveu ele. “Escrevo esta carta para implorar que o senhor ore por minha segurança pessoal e pela liberdade religiosa para todo o povo chinês.”
Shi Weihan: considerado um "elemento religioso perigoso”
Também em Pequim, Shi Weihan, dono de uma livraria cristã, continua sob custódia no Centro de Detenção Municipal de Pequim.
A polícia prendeu Shi pela primeira vez em 28 de novembro de 2007, acusando-o de “práticas ilegais de negócios”, depois que ele, conforme se alega, publicou literatura cristã sem autorização a fim de que fosse distribuída para as igrejas não-registradas, mas, em 4 de janeiro, o tribunal ordenou que fosse solto, alegando falta de evidências suficientes para condená-lo.
A polícia, que rotulou Shi de “elemento religioso perigoso”, prendeu-o novamente em 19 de março.
As autoridades da prisão impediram que os familiares visitassem Shi no centro de detenção ou lhe trouxessem alimentos e roupas. De acordo com CAA, o advogado de Shi recebeu apenas uma permissão para visitá-lo nas últimas semanas. Ele confirma que a saúde de Shi estava precária, e que ele precisava de atenção médica urgente (leia mais).
Esposa dele dá entrevista a jornal americano
O jornal USA Today relatou na segunda (11 de agosto) que a esposa de Shi, Zhang Jing, disse: “É bom que o presidente possa cultuar a Deus aqui, mas não é provável que isso faça com que tenhamos mais liberdade ou consigamos registrar nossas igrejas.”
As autoridades forçaram a igreja de Shi, a Igreja da Vida Eterna de Antioquia, a fechar em junho.
“Várias igrejas não-registradas foram fechadas antes dos Jogos Olímpicos”, continua Zhang. “A polícia diz que estamos ameaçando a segurança nacional e exigem que meu marido desista de sua fé.”
Na mesma reportagem, Dennis Wilder, diretor do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos para a Ásia, depois do encontro de George W. Bush com Hu Jintao, presidente da China, no domingo (10 de agosto), disse o seguinte: “Hu parece indicar que a porta para a liberdade religiosa está se abrindo e que, no futuro, haverá mais espaço para os cristãos praticantes”.
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