Portas Abertas • 3 fev 2009
Um importante pastor estrangeiro na Arábia Saudita fugiu para Riyadh depois que membros do muttawwa’in, ou polícia religiosa, fizeram três ameaças em apenas uma semana.
Dois dos incidentes incluíram ameaças de morte ao pastor de igrejas domésticas na Eritréia, Yemane Gebriel. Na quarta-feira, 28 de janeiro, Gebriel fugiu para uma cidade na Arábia Saudita.
Pai de oito filhos, morou e trabalhou como motorista particular na Arábia Saudita por 25 anos, Gebriel diz ter encontrado um bilhete anônimo em seu veículo, com ameaças de morte se não deixasse o país. Em 13 de janeiro, Abdul Aziz, membro do muttawwa’in, juntamente com outros homens, tiraram Gebriel de sua van e disseram a ele para ir embora.
“Havia um bilhete em minha van dizendo: ‘Se você não deixar o país, vamos matar você”, disse Gebriel. “Três dias depois,disse: ‘Você ainda está trabalhando aí? Porque não saiu do país?’”
Aziz, outro membro do muttawwa’in e um policial esperaram por Gebriel logo após as 21 horas, quando discutiram com ele por cinco minutos, acusando o pastor de ser cristão e tentar mudar a religião de outros.
“Ele encerrou dizendo para Yemane sair do país ou “medidas” seriam tomadas”, disse uma fonte, que pediu anonimato por questões de segurança. Ele disse que Gebriel corria um sério risco de perder sua vida. “Em uma reunião comigo na manhã de 15 de janeiro, Yemane demonstrou estar muito assustado”, disse a fonte.
Naquela mesma noite, quatro homens mascarados – aparentemente sauditas – em um pequeno carro fecharam a van que Gebriel estava dirigindo. “Eles disseram: ‘Vamos te matar se não sair desse lugar – deve ir embora, senão matamos você’”, disse.
Depois disso, Gebriel se refugiou em um lugar seguro em Riyadh, e se consultou com alguns cônsuls de quatro embaixadas. O pastor foi para outra cidade no dia seguinte.
Em 2005, Aziz havia direcionado a prisão de Gebriel e mais 16 cristãos estrangeiros, mas devido à pressão diplomática, eles foram soltos em algumas semanas.
Gebriel, 42, liderou uma igreja com mais de 300 cristãos estrangeiros, mas devido a obrigações de trabalho, pouco mais de 150 podem se reunir regularmente na vila para o culto de sexta-feira. Ele escapou sem sua família, pois sua mulher e filhos conseguiram se mudar para o Egito em agosto de 2007.
“Agora, a congregação inteira está assustada,” disse a fonte. “Eles estão esperando uma invasão em qualquer sexta-feira – assim como em 2005. Nem a igreja, nem a polícia religiosa sabem que levamos Yemane embora.”
“Há algum sinal de que 2009 pode ser como o ano de 2005 novamente? Eu creio que sim”, diz. “A cada quatro anos, há uma restrição em Riyadh. Parece que devemos esperar que 2009 seja um ano de repressão. Entretanto, a igreja clandestina está muito mais preparada para enfrentar qualquer tipo de perseguição.”
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