Portas Abertas • 24 jun 2009
No dia 13 de junho, um juiz negou o pedido de um cristão egípcio para alterar seu status religioso no documento de identidade de “muçulmano” para “cristão”. Essa foi a segunda tentativa frustrada de um muçulmano convertido ao cristianismo exercer, constitucionalmente, a liberdade religiosa.
“Estou desapontado com o que aconteceu, e chocado com essa decisão, porque eu passei por muita coisa para conseguir isso”, diz.
El-Gohary é o segundo convertido a tentar mudar seu documento de identidade, seguindo o exemplo de Mohammed Ahmed Hegazy. El-Gohary abriu um processo contra o Ministério de Assuntos Internos, por rejeitar seu pedido em agosto do ano passado.
Diferentemente das ofensas e ameaças proferidas nas audiências anteriores, os advogados representando o governo ficaram calados enquanto o juiz Hamdy Yasin lia sua decisão em uma sessão que não durou mais que 10 minutos, de acordo com Nabil Ghobreyal, advogado de El-Gohary.
O juiz negou o apelo de El-Gohary, apesar de o convertido ter apresentado o certificado de batismo e a carta de aceitação na Igreja Copta Ortodoxa que o juiz havia pedido.
”O juiz disse que não aceitará o certificado de batismo de Chipre ou a carta do padre Matthias”, disse Ghobreyal. “Mesmo se ele conseguir uma carta com o papa, o juiz não irá aceitar, porque a responsabilidade da igreja é cuidar dos cristãos, e não dos muçulmanos que se convertem; isso está fora de sua área de atuação.”
El-Gohary pareceu perplexo e frustrado enquanto falava ao telefone com o Compass.
“O juiz pediu documentos de referência e batismo. Não foi fácil consegui-los, na verdade foi muito difícil, mas se ele não iria usar essas coisas, porque pediu por elas, em primeiro lugar? Nós cumprimos com tudo e trouxemos os documentos e então, ele recusou. Qual é o objetivo de tudo isso?”
A explicação completa sobre a decisão de Yasin será publicada em breve.
“O juiz mencionou a falta de leis pertinentes a casos de conversão como este, e sugeriu um artigo para preencher esta lacuna na legislação”, diz Ghobreyal.
“Esse não é o fim; é só o começo. Vou levar esse caso para o Tribunal Superior, e tenho algumas idéias sobre como combater essa sentença. É um longo caminho”, diz o advogado.
“Eu vou perseverar, não vou desistir”, diz El-Gohary. “A apelação é o próximo passo, e estou pronto para passos como esse. Vou atrair a atenção do mundo para o meu caso.”
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