Portas Abertas • 10 nov 2009
A abolição da lei de blasfêmia no Paquistão. É isso que os cristãos pediram para os representantes e membros da sociedade civil, em uma reunião com o Comitê Parlamentar Permanente no dia 6 de novembro em Islamabad. O encontro foi uma iniciativa do governo paquistanês, que pediu “sugestões” para os cristãos e ativistas para melhorar os direitos das minorias. “Um passo positivo, mas a estrada ainda é longa”, diz um ativista cristão.
Mehboob Sada, diretor do Centro de Estudos Cristãos (CSC em inglês), que estava entre os participantes do encontro, falou sobre “o movimento comum dos cristãos e membros da sociedade civil”, com o objetivo de “remover a lei de blasfêmia”. Introduzida em 1986, pelo ditador Zia-ul-Haq, a lei pune com prisão perpétua ou pena de morte todos aqueles que profanarem o Corão ou insultarem o nome do profeta Maomé, e tem sido usada como desculpa para atacar as minorias religiosas no país.
O ativista cristão explicou que a conversa com o presidente do Comitê Parlamentar Permanente enfatizou que o “Paquistão não precisa dessa lei”, que tem causado “danos para a vida e propriedade das pessoas” e “passado uma imagem ruim do país no exterior”.
De acordo com o diretor do CSC, entre os passos necessários estão: a implementação de mudanças nos livros didáticos, no currículo escolar, e o uso das mídias e eventos para promover o diálogo inter-religioso. Só então o respeito “pelos símbolos sagrados do islã” será reafirmado sem a necessidade de uma lei que tem sido um arauto da violência e perseguição. Mehbood Sada acrescentou que o comitê realizará uma série de reuniões com representantes muçulmanos, bispos católicos e políticos, para receber mais sugestões. “Será uma longa caminhada, mas, sobretudo, é um bom passo”, afirma.
Ele enfatiza que “o ‘grupo de pressão” muçulmano influente no país” é contrário ao cancelamento da lei de blasfêmia. Esses grupos extremistas “protestaram e pediram a abertura de uma investigação para as acusações de blasfêmia contra aqueles que falaram negativamente sobre a lei e que pedem sua anulação”.
“Neste momento, o governo está fraco por causa da pressão dos fundamentalistas. Mas, se tiver coragem para continuar nesta direção, trará o país novamente para os anos 80, antes de a lei ser introduzida”, conclui Mehboob Sada.
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