Adolescente cristão paquistanês é obrigado a esconder-se

Portas Abertas • 27 jan 2004


Um adolescente cristão paquistanês seqüestrado por mais de duas semanas em novembro, foi forçado a fugir de casa e ficar escondido para evitar ser recapturado por seus seqüestradores, muçulmanos extremistas.

Os líderes de uma escola muçulmana fanática prometeram mandar Zeeshan Gill, que completou apenas 16 anos na semana passada, lutar na Caxemira como muçulmano recém convertido na Jihad (a guerra santa).

Zeeshan Gill foi seqüestrado no dia 7 de novembro a caminho de casa depois das aulas na Escola Cadet Garrison de Sargodha, na província do Punjab, no Paquistão. O menino foi enganado para acompanhar um conhecido muçulmano, um eletricista chamado Amjad Warriach, que fizera trabalhos ocasionais na casa de sua família.

Warriach levou Gill à madrassa de Jamia al Qasim al Aloom, um escola islâmica anexa à mesquita local. Mantido lá sob guarda, o menino foi forçado a recitar o Kalima (credo islâmico), fazer as abluções muçulmanas e as orações cinco vezes ao dia, e observar diariamente o jejum para o mês do Ramadã, então em curso.

O menino foi espancado e ameaçado por seus seqüestradores, que declararam que, pelo fato dele ter-se tornado muçulmano, eles poderiam matá-lo se ele tentasse fugir ou reconverter-se ao cristianismo. De acordo com os dogmas do islamismo, o simples recitar do credo de fé torna uma pessoa muçulmana, e qualquer pessoa que renuncia ao islamismo deve ser morta.

Gill recebeu treinamento no uso de armas, tais como revólveres, pistolas e granadas, e foi-lhe dito que logo ele seria mandado para lutar na guerra santa da Caxemira. Centenas de grupos militantes paquistaneses - agora proibidos pelo governo - se envolveram na violenta disputa sobre a Caxemira administrada pela Índia, um ponto de tensão entre a Índia e o Paquistão há 15 anos.

Após três dias de busca, a mãe viúva de Gill finalmente ficou sabendo que seu filho desaparecido estava sendo mantido na mesquita Jamia, onde os líderes desta alegaram que ele abraçara o islamismo. Perita do Hospital Civil de Sargodha, Razia Gill sustenta os dois filhos e sua avó idosa desde que o marido morreu há 12 anos.

Depois que a Sra. Gill contatou um advogado, um oficial de justiça da Corte Distrital e de Sessões de Sargodha a acompanhou com um oficial de polícia para encontrar Zeeshan na madrassa. Na presença de seus seqüestradores, o menino simplesmente disse que se tornara muçulmano e que não queria voltar com a mãe.

O oficial de justiça exigiu uma nova intimação para o dia 14 de novembro, quando o líder da madrassa, Maulvi Sohail, recebeu ordem para comparecer com o menino. Perante o juiz Khawaja Imtiaz Ahmad, o menino reiterou que se convertera ao islamismo por sua livre vontade, afirmando que somente voltaria para sua mãe se ela também se tornasse muçulmana.

Apesar da Sra. Gill pedir permissão ao juiz para reunir-se em particular com Zeeshan, o juiz recusou, declarando que seu filho era um menino sensível e, apesar de ser menor, tinha o direito de converter-se a outra religião.

As leis do Paquistão não dispõem sobre a conversão religiosa apesar de, de acordo com a Lei de Menores, os filhos menores permanecem como tal sob a autoridade dos pais até os 18 anos.

No dia 20 de novembro, os líderes da madrassa mandaram Zeeshan com um guarda-costas à sua casa, onde foi-lhe dito para apanhar suas roupas. Quatro dias depois, foi-lhe dito que ele tinha de apresentar-se para um treinamento final no grande centro islâmico de Raiwand e depois ser mandado para a Caxemira, onde se esperava que ele espalhasse o islamismo à velocidade de 120 quilômetros por hora. Antes de partir para a Caxemira, ele teve permissão para voltar à casa mais uma vez - desta vez sozinho - para despedir-se da família.

A visita desacompanhada permitiu que Zeeshan finalmente contasse à sua mãe exatamente o que lhe acontecera, e os planos para mandá-lo para a Caxemira. Ela reuniu imediatamente os dois filhos e fugiu da cidade, abrigando-se com parentes a quilômetros de distância. O líder de uma igreja de lá ficou sabendo da situação da família e colocou a Sra. Gill em contato com o Centro para Assistência Legal e Conciliação baseado em Lahore (CALC) para conseguir aconselhamento legal e um lugar seguro para Zeeshan esconder-se.

De acordo com o coordenador do CALC, Joseph Francis, o dilema da família Gill é comum entre a pequena minoria cristã do Paquistão. Mas os Gills são particularmente vulneráveis, pelo fato de não ter um líder masculino na família, tornando mais fácil aos extremistas intimidar o menino e sua mãe.

Os advogados do CALC defenderam um caso semelhante no qual a Alta Corte provincial interveio. Neste caso, os seqüestradores que insistiam em que um menino menor convertera-se ao islamismo receberam ordem da justiça para devolvê-lo à sua família cristã. Depois seus seqüestradores o pegaram novamente e o mandaram para a Caxemira, disse Francis a Portas Abertas, e agora ninguém sabe do paradeiro daquele menino.

Não há nada que possamos fazer legalmente, disse o coordenador do CALC a Portas Abertas nesta semana. A mãe de Zeeshan e seu irmão pequeno, Numan, voltaram para Sargotha, mas ele deve ficar separado deles, escondido.

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