Portas Abertas • 27 mai 2010
Da mesquita do outro lado da rua, as palavras dos megafones nos minaretes ecoavam pelo pequeno apartamento onde Maher Ahmad El-Mo’otahssem Bellah El-Gohary é obrigado a se esconder. Logo após as orações da tarde, inicia-se o sermão, que trata, em parte, sobre como lidar com os cristãos.
Não os cumprimente. Não entrem na casa deles. Não comam a comida que eles lhes derem”, declarava um iman, enquanto El-Gohary, ex-muçulmano, olhava pela janela e balançava sua cabeça.
“Um dia, espero morar em um lugar onde não haja mesquitas. De quantos megafones eles precisam?”, diz ele.
Há quase dois anos, El-Gohary e sua filha adolescente são obrigados a se esconder porque ele abandonou o islamismo e se converteu ao cristianismo. Durante esse tempo, ele foi agredido, preso, e sua filha foi atacada. Ele tem que lidar com ameaças de morte, pobreza e tédio.
Questionado sobre o que o ajuda a enfrentar a constante pressão de viver em fuga, El-Gohary disse que ele quer mostrar ao mundo como os cristãos são tratados no Egito.
“Minha maior força é a vontade de mostrar para as pessoas a terrível perseguição que os ex-muçulmanos e cristãos enfrentam aqui, e que a perseguição acontece há 1.400 anos.”
Quando foi feita a mesma pergunta para Dina Maher Ahmad Mo’otahssem, sua filha de 16 anos, ela começou a chorar, e disse: “Deus”.
Mesmo com tantas dificuldades, a dedicação de El-Gohary e sua filha parece estar firme. Eles disseram que nunca se arrependeram de se tornar cristãos.
El-Gohary afirma que um dia, ele será vitorioso.
“Legalmente, minha situação terá que mudar. Eu não fiz nada ilegal.”
Dina não está tão segura. Ela diz que não tem futuro no Egito, e espera se mudar para um lugar onde pode ter acesso à educação.
Não importa o que aconteça, El-Gohary e sua filha estão preparados para viver escondidos o tempo que for necessário.
“Há dias que eu fico abatida e choro, mas não vou desistir”, afirma Dina. “Eu não vou voltar para o islamismo”.
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