Outras religiões: mãe de um muçulmano morto é multada, mas não está su

Portas Abertas • 29 fev 2004


Depois de uma intensa pressão internacional e horas antes de Ronald Rumsfeld, secretário da defesa norte-americana, chegar em Tashkent, capital do Uzbequistão, uma apelação feita no dia 24 de fevereiro chegou a um parecer que a sentença de seis anos de trabalho árduo imposta a Fátima Mukhadirova, senhora muçulmana de 62 anos, seja mudada para uma multa de 2/3 de um salário médio anual.

Fátima tinha sido sentenciada em uma audiência fechada na capital no dia 12 de fevereiro por posse de literatura religiosa não-autorizada, membro de uma organização proibida, e tentada a invadir a ordem constitucional. Seu advogado, Alisher Ergashev, mantém que ela é inocente das acusações. Ela está livre, mas a corte ainda não a declarou inocente, disse ele ao Forum18 em Tashkent no dia 24 de fevereiro. Sendo que eu não estou satisfeito com a decisão da justiça.

Ergashev disse que Mukhadirov tinha sido condenada de acordo com dois artigos do Código Criminal 159 (tentativa de invasão da ordem constitucional) e 244 (1) (preparação ou distribuição de documentos contendo a ameaça à segurança e à ordem pública). Entretanto, as acusações não tiveram fundamento.

Ele disse que a corte aonde seu cliente foi julgado levou em conta o fato de ser uma mulher, bem como a idade dela, decidindo libertá-la do trabalho árduo através de uma multa de $ 280.000,00 (cerca de USD 288,00).

Mukhadirov é mãe de Muzafar Avazov, prisioneiro religioso que morreu torturado em agosto do ano retrasado em um campo penitenciário em Jaslyk, noroeste do país. Uma investigação de sua morte pela Afinidade Especial em Tortura da ONU concluiu que Avazov teve sua cabeça imersa em água fervida por muito tempo. Os que viram seu corpo também relataram que havia uma enorme ferida em sua nuca, um hematoma enorme em sua testa e em seu pescoço, e suas mãos estavam sem as unhas. Oficiais da prisão alegam que ele morreu depois que outros internos atiraram chá quente nele.

As autoridades nacionais alegam que Mukhadirova faz parte da Hizb-ud-Tahrir, grupo que defende o estabelecimento de um estado islâmico no país e em outras nações. Cerca de 4.000 membros dessa organização estão encarcerados no país por posse e distribuição de aritigos religiosos não autorizados e por afiliação com o grupo. Mukhadirova, que teve seu filho mais novo também preso por acusações de fazer parte deste grupo, falou contra as prisões de muçulmanos e a tortura até a morte de seu irmão mais velho.

Allison Gil, representante Human Rights Watch no Uzbequistão, disse ao Forum18 no dia 20 de fevereiro que as autoridades simplesmente se vingaram com a Mukhadirova, primeiramente pelo fato de ela ter tentado uma investigação genuína no assassinato de seu filho e também pelo fato de ela ser uma mulher muçulmana independente.

Mukhadirova era uma simples muçulmana que passou para o mundo todo o que é feito com os prisioneiros no Uzbequistão, disse ao Forum18, Vasilya Inoyatova, chefe da Esgulik (Boa Ação) organização independente de direitos humanos. As autoridades se vingaram dela por causa disso.

Ainda assim, um oficial de relações religiosas negou isso. As pessoas não são condenadas por suas crenças - posso afirmar isso com plena autoridade, disse ao Forum18 Shoazim Minovarov no dia 21 de fevereiro em Tashkent. Não farei nenhum comentário a respeito de Mukhadirova.

Uma ex-representante da Human Righst Watch no Uzbequistão, Matilda Bogner, disse ao Forum18 há meses que as autoridades nacionais não tolerariam muçulmanos independentes que evitam a Administração Espiritual no país, que é praticamente unida com o Estado.

Formalmente ninguém é preso por causa de sua atividade regliosa, mas é relativamente difícil existir uma linha entre políticos e religiosos, disse ao Forum18 Bogner. O crime de muitos acusados de fazerem parte da Hizb-ud-Tahrir consiste somente no fato de eles terem encontrado pessoas em suas residências discutindo sobre assuntos religiosos. De acordo com dados da Human Rights Watch, o Uzbequistão tem cerca de seis mil prisioneiros políticos.

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