Portas Abertas • 8 dez 2010
Quando a Irmã Lee (seu nome fictício) deixou pela primeira vez a sua terra natal na Coreia do Norte, ela sabia que seu país não era nenhum paraíso. Ela havia testemunhado muita coisa ruim. Nem mesmo o seu filho, que era um soldado, não tinha o que comer.
Ela quis permanecer na China, mas as vidas de sete pessoas na Coreia estavam na mira. Se ela continuasse na China, estas pessoas seriam punidas. Ser acolhida numa residência de segura da Portas Abertas Internacional lhe deixou confusa. Quem eram estas pessoas que lhe trataram tão bem? E quem era ela mesma?
Assim como outros refugiados, Irmã Lee deixou a Coreia do Norte para buscar alimentos na China. Por duas vezes Portas Abertas Internacional a ajudou, mas ela não voltou para casa. Por fim, ela confessou que pagou a outros refugiados para levarem a comida e as roupas doadas para a sua família. “Eu não desejo ir para casa. Eu quero ficar aqui, arranjar um trabalho, ganhar dinheiro, e sustentar meu marido e meu filho que lá ficaram, daqui mesmo.
Por causa da grave fome em seu país, Irmã Lee e muitos outros norte-coreanos foram incentivados pelo governo a visitarem seus parentes na vizinha China, a fim de receberem alimentação por lá...mas sob certas condições. Se a Irmã Lee não voltasse, as sete pessoas – entre família, vizinhos e amigos – receberiam castigos. Desta vez, ela não tinha escolha. Era necessário voltar. Mas, ainda assim, ela se recusou.
A Portas Abertas Internacional a abrigou num local seguro. Nós a visitávamos regularmente. Um de nossos cooperadores disse: “Eu lhe dei uma Bíblia e ela ficou amedrontada. Como todos os norte-coreanos, ela foi ensinada que o cristianismo é veneno puro. Como eu não quis pressioná-la, apenas deixei a Bíblia por lá. Deus se encarregará de despertar o seu interesse.
É verdade, realmente?
Deus pode usar métodos simples para moldar pessoas para Ele. “Os refugiados não têm o que fazer, logo eles assistem a muita televisão. O que eles assistem? A programas cristãos da Coreia do Sul. Isso os confunde e levanta questões: ‘É mesmo verdade que a Coreia do Sul é um país rico?’ ‘Quem é Jesus?’ A Irmã Lee fez estas perguntas – e ficou com raiva porque as pessoas em seu país haviam mentido para ela a vida inteira.
Eu a presenteei com algumas fitas de música gospel em sua própria língua. Quando retornei para o abrigo de refugiados, ela estava com lágrimas nos olhos. Ela me perguntou: ‘Como é possível que uma canção possa descrever a minha vida?’ Eu lhe respondi: “São canções que cantamos na igreja.’ Ela então quis ir comigo á igreja, mas isto era impossível. Eu não podia correr esse risco.”
“Daquele momento em diante, Irmã Lee ficou bastante motivada para ler a Bíblia. ‘Este livro é verdadeiro?’, ela perguntava sempre. Ela tinha tantas perguntas que foi difícil responder a todas. Eu expliquei para ela que há coisas que não podemos enxergar, como o ar, mas estas coisas invisíveis é que são com frequência as mais preciosas”, disse o cooperador.
Mensagem impactante
A Bíblia contém uma mensagem impactante para toda a raça humana, especialmente para os norte-coreanos. Nosso cooperador mostrou a ela na Bíblia que os seres humanos são criaturas importantes. “Eu disse: ‘Você é muito importante para Deus.’ Foi como se ela tivesse sido atingida por um raio.”
Norte-coreanos como a Irmã Lee não podem compreender o ‘conceito’ de um Deus amoroso. Ela perguntou ao nosso cooperador: “Quem sou eu para você ser tão bom comigo?”
A resposta foi: “Deus lhe ama e lhe dá honras. Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu único filho para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Ele está preparando um lugar para você no céu.”
Lee nunca havia escutado sobre o céu dos cristãos. Ela sequer tinha notícia de uma vida eterna e ficou muito mobilizada. No princípio, ela ficou tensa, mas depois se alegrou. Ela queria se tornar uma filha de Deus. O nosso cooperador relatou: “Nós oramos pelo perdão de seus pecados e eu continuei a ensiná-la. A sua fé cresceu.”
A volta sem a Bíblia
Porém, chegou o dia em que Irmã Lee teve que voltar para casa. “Ela teve que ser persuadida e, por fim, concordou em voltar. Eu lhe dei mercadorias para que ela pudesse vender no mercado negro de seu país. Com isso, ela poderia usar o dinheiro para poder se evadir da Coreia do Norte e, um dia, tentar voltar. Ela prometeu ficar firme em sua fé. Eu quis lhe dar uma Bíblia, mas isto era perigoso demais.”
Irmã Lee memorizou trechos do livro de Romanos antes de atravessar a fronteira. Portas Abertas Internacional tentará localizá-la na Coreia do Norte para colocar uma Bíblia em suas mãos. Ela veio até a China para encontrar comida. Acabou encontrando vida.
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