Eritréia prende famílias inteiras de evangélicos

Portas Abertas • 25 mar 2004


As autoridades da Eritréia começaram a invadir casas particulares de cristãos evangélicos na semana passada, prendendo famílias inteiras que estavam orando ou lendo a Bíblia juntos. Pela primeira vez, foram ordenadas a aplicação de acusações criminais e multas contra os cristãos fora da lei, apesar de não se ter notícia de qualquer audiência formal.

Em duas detenções diferentes em Asmara, capital, famílias da Igreja Carismática Rema, inclusive crianças, foram detidas e mandadas para a prisão.No primeiro incidente, um líder leigo da Igreja Rema, identificado como Kelete, foi detido em sua casa à meia-noite com a esposa, seis filhos e o sogro.

Sabe-se que os nove cristãos estavam fazendo o culto doméstico juntos depois, que o sogro chegou tarde da noite. Sem avisar, a polícia invadiu a casa e os deteve. Depois de passarem a noite numa delegacia de polícia próxima, eles foram transferidos para a prisão de Adi Abeto, fora de Asmara.Na manhã seguinte, outro líder da Igreja Rema, cujo primeiro nome é Habeteab, foi detido com a esposa e cinco filhos e levados para a delegacia de polícia durante a noite. No dia seguinte, a família inteira foi mandada para a mesma prisão onde estava a família de Kelete.

Na detenção, os chefes das famílias foram acusados de tentar começar uma nova religião na Eritréia. Um oficial da delegacia disse que o presidente Isaías Afwerki havia ordenado que a polícia e o exército prendessem qualquer pessoa e grupos que não fazem parte das quatro religiões oficiais (Ortodoxa, Católica, Evangélica Luterana e Muçulmana).

Em outra detenção, dez crentes da Igreja do Evangelho Pleno que se reuniam no distrito de Aba Shwale, de Asmara, foram levados para a cadeia. Todos estão na prisão, com exceção de uma senhora que hospedou o grupo, mas que foi multada em 500 Nakfa (37 dólares, mais da metade de um mês de salário local) por realizar uma reunião ilegal para adoração em sua casa.

De acordo com os últimos relatos, dos 51 evangélicos da Igreja Aleluia de Asmara que foram presos em meados de fevereiro, 46 permanecem incomunicáveis nas prisões militares de Adi Abeto ou de Mai Serwa.Num boletim, a Anistia Internacional declarou estes cristãos presos como sendo prisioneiros de consciência, que estão detidos por praticarem sua religião.

Há também preocupação com a segurança deles, afirmou o boletim, enquanto eles estão sob custódia militar, correm o risco de tortura, que freqüentemente inclui o método do helicóptero, que consiste em amarrar a pessoa numa posição contorcida a céu aberto durante uma semana ou mais, quase 24 horas por dia.

No início deste mês, o presidente Isaías advertiu num discurso público, que alguns grupos religiosos da Eritréia estavam sendo iludidos por estrangeiros a se desviarem da unidade do povo eritreu e distorcerem o verdadeiro significado da religião.

Os comentários do presidente foram publicados em detalhes na edição em língua tigrínia do Eritréia, um semanário do governo, apesar da versão em inglês deste discurso ter sido menos completo.

Todas as denominações protestantes independentes da Eritréia foram fechadas por ordem do governo em maio de 2002 e suas congregações ficaram proibidas de realizar cultos, mesmo em suas casas. Hoje, existe a confirmação de pelo menos 373 cristãos protestantes presos e submetidos a tortura grave no país por se recusarem a abandonar a fé, alguns durante quase dois anos.

No dia 10 de fevereiro, a Comissão Americana sobre Liberdade Religiosa Internacional insistiu que o Secretário de Estado, Colin Powell incluísse pela primeira vez a Eritréia na lista dos onze países designados pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos como graves transgressores da liberdade religiosa.

Em seu resumo, a comissão declarou:O governo da Eritréia nos últimos dois anos tem reprimido os membros de vários grupos religiosos, incluindo o fechamento de todas as igrejas não pertencentes às denominações oficialmente reconhecidas, a detenção de participantes de reuniões de oração e outras reuniões, e a prisão de membros das forças armadas encontrados na posse de determinada literatura religiosa. O Departamento de Estado relata que mais de trezentas pessoas estão na cadeia por serem membros de grupos religiosos não registrados.

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