Eleições deixam cristãos preocupados

Portas Abertas • 23 abr 2004


Envolvendo um total de 675 milhões de eleitores e mais de quarenta partidos regionais e nacionais disputando por 543 cadeiras parlamentares, a décima quarta eleição é o maior evento eleitoral do mundo. Dada a recente história de opressão religiosa da nação, a eleição é crucial para o futuro dos cristãos por toda a Índia.

Na primeira fase da votação em treze estados, incluindo os dois territórios da união de Madhya Pradesh e de Gujarat, 175 milhões de eleitores exercitaram seu direito de voto.

Os dois grupos principais que disputam as eleições são predominantes: a Aliança Democrática Nacional (AND), liderado pelo partido nacionalista hinduísta Bharatiya Janata (PBJ), e a aliança secular, liderada pelo Partido do Congresso de oposição.

O PBJ surpreendeu alguns eleitores ao cortejar comunidades cristãs e muçulmanas, previamente vistas como o banco de votos exclusivos do Partido do Congresso. Como parte da seu plano de campanha, os políticos do PBJ prometeram uma melhora econômica para as minorias religiosas e diminuição de seu apoio a causa hinduísta fundamentalista de tornar a Índia uma nação hindu. Em uma atitude surpreendente, o PBJ recentemente recrutou cristãos para fazer parte do partido. Quatro sacerdotes cristãos pertencentes à Igreja do Sul da Índia (ISI) e a Igreja Pentecostal se associaram ao PBJ no estado de Kerala, onde quase vinte por cento da população Abraham Thomas, um membro da ISI, disse aos representantes da mídia que, Eu estou me associando ao PBJ a fim de provar que o partido não é contra a minoria.

No estado do sul da Karnataka, H.T. Sangliana, um antigo superintendente da polícia em Bangalore, também se associou ao PBJ. Sangliana é bastante conhecido por sua fé cristã.

O deputado primeiro-ministro L.K. Advani, do PBJ, prestou bastante atenção nas áreas denominadas cristãs quando viajou pelo estado de Kerala, como parte de uma campanha eleitoral por todo o país no mês de março.

Entretanto, a maioria dos cristãos se recusa em acreditar que o partido PBJ, que possui um recorde de hinduístas militantes e de opressão das minorias cristãs, realizou uma mudança verdadeira nas suas políticas nacionalistas.

O apoio contínuo do PBJ recebido das organizações hinduístas extremistas, tais como a Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), a Vishwa Hindu Parishad (VHP) e a Bajrang Dal, se torna evidente no seu discurso eleitoral quando fala sobre uma proibição nacional das conversões religiosas antiéticas. Tal proibição seria baseada nas leis anticonversão já em vigor em Tamil Nadu, Gujarat, Orissa, Madhya Pradesh e Arunachal Pradesh.

Alguns cristãos estão confusos com a forma que os políticos do PBJ tem atraído os eleitores cristãos, enquanto, simultaneamente, prometem estender a legislação anticonversão. O Dr. John Dayal, vice-presidente nacional da União Católica de toda a Índia e o secretário-geral do Conselho Cristão de toda a Índia, apontaram inconsistência em uma recente divulgação do PBJ na imprensa.

Embora o partido esteja ocupado tentando seduzir as pessoas de várias comunidades minoritárias, o documento da visão do PBJ, o discurso da AND e as afirmações da liderança nacional do PBJ não deixam dúvidas que o partido e a AND estão unidos às políticas comuns da RSS, que são hostis a todas as minorias e, especialmente, a comunidade cristã, afirma John.

Atividades anticristãs ainda estão a caminho, apesar da retórica eleitoral. De acordo com um relatório no Indian Express em 15 de abril, a VHP recentemente realizou uma cerimônia de re-conversão para cristãos no distrito de Dangs de Gujarat, um estado notório pela violência cometida pelos hinduístas contra os cristãos.

Os cristãos afirmam que os recentes ataques contra os cristãos em Jhabua, Madhya Pradesh, foram realizados pelos oficiais do governo do PBJ naquele estado. Os oficiais foram escolhidos dentro de um plano, onde assuntos de desenvolvimento foram ressaltados. Entretanto, a opressão contra a minoria cristã iniciou imediatamente após as eleições.

Cristãos em outras partes da Índia temem que o mesmo pode acontecer se o PBJ vencer as eleições gerais por uma maioria substancial.

Mesmo se o PBJ retornar ao poder utilizando assuntos de desenvolvimento, é muito provável que isso reverteria para seu núcleo de ideologia Hindutva , Reginald Mukha, diretor-geral da Curadoria Evangélica do Norte da Índia relatou.

O discurso do Partido do Congresso também acusou o PBJ de abuso da religião para tirar vantagens políticas. O discurso assegura que o PBJ é responsável pelas mortes de mais de dois mil muçulmanos nos conflitos de Gujarat em 2002.

Por outro lado, o Partido do Congresso promete ações rigorosas contra aqueles que promoverem ações de intolerância social e fala sobre a execução da lei a fim de assegurar harmonia e coesão social. Nos seu discurso de 32 páginas, o partido defende a igualdade integral de oportunidade em todos os aspectos para os setores mais fracos da sociedade.

A maioria das pesquisas de opinião apresenta uma grande maioria de votos para a AND. De acordo com uma pesquisa realizada no Indian Express-NDTV na metade do mês de março, a AND tem grande probabilidade de vencer as eleições, com o partido PBJ ocupando 190 a duzentas cadeiras. A mesma pesquisa prevê que o Partido do Congresso ocupará 95 a 105 cadeiras parlamentares.

Contudo, levará várias semanas até que os resultados finais sejam conhecidos. A contagem de votos não iniciará até dia 13 de maio. Até esta data, a comunidade cristã na Índia poderá somente votar, esperar e orar.

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