Tratado de paz após demolição da igreja

Portas Abertas • 26 abr 2004


Os habitantes de Quechua, na Bolívia, estão vivendo um cessar-fogo turbulento dois meses após um grupo desordeiro destruir a única igreja evangélica na sua remota comunidade Andina. Oficiais da comunidade em Chucarasi assinaram um acordo com os membros da congregação local da Igreja de Deus. Em troca das promessas dos cristãos de respeitar os costumes tradicionais, seus vizinhos animistas concordaram em permitir que cultos de adoração fossem realizados na comunidade. No entanto, a Igreja de Deus não terá permissão para reconstruir sua igreja demolida.

Uma comunidade rural de trezentas pessoas no estado de Potosi, cem milhas a sudoeste de Ururo, Chucarasi é habitada por agricultores indígenas, que na sua maioria segue as tradições religiosas animistas dos seus antepassados Incas.

O conflito surgiu na comunidade no último mês de fevereiro após as celebrações de Carnaval, uma festa costumeira no povoado, com rituais pagãos, danças e bebidas fortes. Desde que se converteram ao cristianismo há alguns anos, os membros da Igreja de Deus em Chucarasi têm se recusado a participar das festas de carnaval.

Quando um forte temporal de granizo destruiu o povoado dois dias após as festividades, os habitantes animistas se convenceram de que espíritos malignos estavam punindo a comunidade por permitir que os cristãos abandonassem a tradição.

Os habitantes do povoado agrediram o pastor da Igreja de Deus, Fortunato Bernal, e o espancaram até que perdesse a consciência. Mais tarde, na mesma noite, eles destruíram completamente a igreja da congregação com paus e ferramentas de destruição.

Líderes do povoado insistiram mais tarde que os cristãos deveriam renunciar a sua fé ou deixar a comunidade. A vila inteira se levantou como um tigre contra nós - todos, como um homem, relatou o evangelista que introduziu o cristianismo na vila em 1997, Gregório Conde.

Gregório e Fortunato viajaram pra Oruro para alertar os líderes da denominação a respeito da crise. Em resposta, a polícia, os oficiais militares e de justiça se uniram aos representantes das Igrejas Unidas, uma associação ecumênica representada pela comunidade cristã de Oruro, para formar uma comissão especial que visitou Chcarasi para negociar um acordo de paz.

Teria sido muito útil se pudéssemos ter trocado idéias e explicado como o que aconteceu foi simplesmente uma ocorrência normal da natureza, mas foi impossível conseguirmos ser ouvidos, disse Victor Quispe, presidente nacional da Igreja de Deus. O único que falou foi o comandante do exército, então o resto de nós orou para que Deus usasse este homem, e isto foi o que aconteceu.

O Coronel Luis Morales, comandante de uma base militar local que chegou com um esquadrão de soldados, conseguiu convencer os líderes Chucarasi a ouvirem os negociadores. Estou aqui para ver se a constituição da Bolívia está sendo respeitada, disse o Cel. Morales aos anciãos da comunidade, e vocês devem respeitar a liberdade religiosa dos cristãos. Caso contrário, levaremos sob custódia as cinco pessoas cujos nomes estão no relatório de polícia (relacionando-se ao ataque de 28 de fevereiro). Mas não quero nenhuma violência.

Victor disse que os líderes do povoado refletiram das 11h30 às 18h00 antes de assinar o documento que garante aos cristãos o direito de viver em comunidade e continuar oferecendo cultos aos domingos.

O acordo também estipula que os membros da Igreja de Deus devem contribuir com cotas de comida e dinheiro para as festividades da comunidade. Além disso, o acordo proíbe expressamente a congregação de reconstruir sua igreja demolida. Nunca mais haverá outra igreja cristã aqui, um ancião do povoado aparentemente afirmava durante as discussões.

Com o interesse de evitar mais violência, a comissão não insistiu no assunto. Nem os oficiais de segurança prenderam os cinco homens acusados de liderar o ataque à igreja. Decidimos perdoá-los, disse Gregório.

Devido à pressão da comunidade, disse ele, três membros batizados da congregação declararam sua intenção de abandonar a fé e retornar à prática animista. Gregório e Fortunato não estão entre eles.

Nós declaramos na reunião que, embora possamos morrer por isto, seguiremos a Cristo, disse Gregório. Prometemos servir ao Senhor e nunca desistiremos.

A Igreja de Deus em Chucarasi possui 36 membros batizados e uma média de 64 membros que freqüentam os cultos semanalmente. Três anos atrás, a congregação construiu a igreja que foi demolida em 28 de fevereiro.

Gregório disse que os cristãos jejuaram por três dias durante a Semana Santa, orando pela reconciliação da comunidade. Apesar do recente contratempo, eles continuam com planos de celebrar a junta (encontro no campo) anual, que atrai alguns milhares de cristãos a Chucarasi no final de agosto para dois dias de adoração ao ar livre.

Iremos nos preparar para a nossa junta de 30 de agosto, disse Andrés Pedro, o diácono da congregação pastoral.

Victor acrescentou, Os irmãos e irmãs permanecem firmes na fé e eu estou certo de que em algum momento de um futuro não muito distante todo o povoado estará adorando o Senhor.

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