Portas Abertas • 3 jul 2019
Susanna Koh participa de coletiva de imprensa na Malásia durante lançamento de livro sobre o desaparecimento do marido, pastor Raymond Koh
Um livro fazendo a pertinente pergunta “onde está o pastor Raymond Koh?” foi lançado hoje, 3 de julho de 2019. Um dos coautores da obra é Lee Hwa Beng, um amigo pessoal da família. Ele diz: “Acredito que a pergunta na mente de todos é ‘por que esse livro foi escrito? É para lembrar o pastor Raymond Koh. Nós sinceramente esperamos que ele reapareça um dia, mas se não, o mundo não pode esquecê-lo. Eu o conheço há mais de 25 anos e seu desaparecimento me afetou muito”. O outro autor é Stephen Ng.
Esther, filha de Raymond Koh, explica que o livro conta os eventos cronologicamente desde antes do desaparecimento do pai até seu sequestro. Ela afirma: “É imperativo que o público saiba que o desaparecimento forçado pode acontecer a qualquer um, independentemente da religião ou raça”.
Susanna Koh, a esposa do pastor Raymond, diz: “Nossa vida tem sido como uma montanha russa. Um dia em cima e outro dia embaixo. Estava em cima quando o ministro do interior anunciou o estabelecimento da força-tarefa especial. E foi pra baixo quando os nomes dos membros da força-tarefa foram revelados”.
“É injusto e injustificável”, diz Susanna Koh
Semana passada, foram revelados os detalhes de quem faria parte da força-tarefa para investigar as conclusões da Suhakam (Comissão de Direitos Humanos da Malásia) sobre o desaparecimento forçado do pastor Raymond Koh e do ativista Amri Che Mat. O governo não levou em consideração as sugestões da família para incluir um membro da Comissão Anticorrupção da Malásia (Bar Council) e um representante de uma ONG na força-tarefa. Ao invés disso, a força-tarefa é composta de ex e atuais policiais, um dos quais participou da audiência da Suhakam.
Susanna também disse que ficou desapontada quando a força-tarefa anunciou que não vai investigar o caso de Raymond Koh agora por causa de uma audiência em andamento contra Lam Chang Nam, que anteriormente havia sido acusado de sequestrar o pastor Koh. Mas Susanna explica: “Ele já foi exonerado pela polícia. Essa é a segunda vez que eles tentam deter os procedimentos no caso de Raymond. Agora estão usando isso de novo”.
Ela ainda descreve seu sentimento como o de colocar sal em uma ferida. “É injusto e injustificável”, diz com a voz embargada e lágrimas nos olhos. Ela terminou sua mensagem dizendo que a família quer um encerramento, pois tem sido muito longo. Ela apelou para que o caso de Raymond seja investigado junto com o de Amri Che Mat. Susanna Koh também pede e ora pela libertação de todas as vítimas de desaparecimento forçado – Raymond Koh, Amri Che Mat, Joshua e Ruth Hilmy.
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