Portas Abertas • 9 jun 2021
Cristãos eritreus são presos sem julgamento por fazerem parte de denominações não autorizadas pelo Estado (imagem representativa)
Em 10 de maio, mais dois cristãos foram presos em Asmara, capital da Eritreia. A ação foi a gota d’água para que o relator especial da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Eritreia apelasse ao governo do país pela libertação “imediata e incondicionalmente” dos presos por causa da fé.
Apesar dos motivos das detenções não serem claros, fontes locais acreditam que isso aconteceu pelos cristãos frequentarem cultos de igrejas que não são registradas. No país, só é permitido ser das igrejas ortodoxa, católica ou luterana. Qualquer outra denominação não tem permissão de existir e ter atividades religiosas.
Para quem decide desobedecer o Estado, as consequências são duras como discriminação, monitoramento constante, invasões domiciliares e prisões. A Portas Abertas noticia com frequência a prisão de irmãos e irmãs na Eritreia. Apenas em março, 40 cristãos foram presos durante invasões nas cidades de Asmara e Assab, no sudeste do país.
“Esta última onda de prisões é prova de que não houve mudança na política repressiva do governo em relação à liberdade religiosa no país”, disse Mohamed Abdelsalam Babiker no relatório anual para a Comissão de Direitos Humanos da ONU.
Não há estatísticas oficiais de quantos cristãos estão presos na Eritreia por causa da fé. Mas as fontes locais estimam que pode ser algo entre 600 e 1.200 pessoas. Apesar de alguns cristãos terem sido libertados nos últimos 12 meses, a situação no país ainda é preocupante e precisa de uma resposta imediata do governo eritreu.
“Desde 2020, o governo começou a libertar cristãos presos, aumentando as esperanças de que estava relaxando suas políticas repressivas”, disse um analista de perseguição da Portas Abertas. “Cristãos pentecostais e evangélicos continuam a ser considerados instrumentos de governos estrangeiros”, completa.
Em alguns casos, quando os cristãos são libertos, eles são obrigados a se alistar ao serviço militar e continuam a viver em condições desumanas, sem salários para cobrir os custos básicos de vida ou sustentar uma família. Esse problema é um dos principais motivos que fazem os eritreus fugirem do país.
“A Portas Abertas continua a apelar à comunidade internacional para exortar o governo da Eritreia a respeitar totalmente a liberdade de religião e impedir a prisão arbitrária e detenção por tempo indeterminado de centenas de cristãos que nunca se beneficiaram do devido processo legal”, completa a porta-voz da organização internacional na África Subsaariana.
Muitos irmãos e irmãs estão vivendo presos em contêineres e túneis na Eritreia. Eles não têm direito a julgamento, contato com a família, alimentação básica e nem acesso a banheiros. Mas você pode ajudar a transformar isso com uma doação, para que eles recebam alimento, cuidado pastoral e advocacy.
Pedidos de oração
© 2024 Todos os direitos reservados