Portas Abertas • 10 mai 2021
Mais de 5 milhões de pessoas estão deslocados na República Democrática do Congo por causa dos ataques de grupos extremistas
O presidente da República Democrática do Congo (RDC), Felix Tshisekedi, declarou estado de sítio nas províncias do leste de Ituri e Kivu do Norte, no dia 30 de abril. Mas o início das mudanças aconteceu em 6 de maio. A ação é uma resposta aos ataques de 122 grupos armados que atuam no território. Na prática, as autoridades militares e policiais receberam amplos poderes para combater o extremismo e podem realizar buscas diurnas e noturnas, proibir publicações e o movimento de pessoas.
O grupo mais violento no país é o das Forças Democráticas Aliadas (ADF), que são acusadas de matar mais de mil pessoas desde 2019. O local de atuação dos extremistas islâmicos é rico em minerais e já foram disputados nas duas guerras do Congo, que aconteceram entre 1996 e 2003.
Há anos, a Portas Abertas denunciou a hostilidade da ADF em relação aos cristãos locais para expandir o poder dela na região. Porém, apenas agora as atitudes contra os extremistas estão sendo tomadas. Após o anúncio de sítio, os Estados Unidos adicionaram o grupo à lista de organizações terroristas estrangeiras e se referiu aos radicais como o Estado Islâmico da RDC.
Em 18 de março, os líderes cristãos membros da igreja evangélica do país se reuniram em Kivu do Norte e aconselharam o presidente a tomar medidas contra a crescente falta de segurança. Porém, nenhuma ação foi tomada para impedir os ataques. Já que, em 29 de abril, dois incidentes separados deixaram duas pessoas mortas e várias desaparecidas.
De acordo com um parceiro da Portas Abertas, as províncias do leste do país parecem zonas de guerra. Ele contou que foi abordado diversas vezes por militares, alertado sobre os ataques aos vilarejos e incentivado a não seguir com as visitas aos cristãos locais.
Além da onda de violência e do deslocamento interno de mais de 5 milhões de pessoas, 20 milhões de civis enfrentam grave insegurança alimentar e 3,4 milhões de crianças abaixo de cinco anos estão com desnutrição aguda.
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