Portas Abertas • 17 mar 2021
Os pais e a avó de Leah Sharibu continuam procurando por respostas e pedindo a libertação dela na Nigéria
Faz pouco mais de três anos desde que Nathan e Rebecca Sharibu viram a filha pela última vez. Em 19 de fevereiro de 2018, Leah, então com 15 anos, foi sequestrada com mais de 100 outras alunas de sua escola em Dapchi, estado de Yobe, na Nigéria. Enquanto as colegas foram libertadas um mês depois, o Boko Haram decidiu manter Leah em cativeiro, porque ela se recusou a renunciar à fé cristã.
Desde então, houve relatos de que Leah foi forçada a se converter e se casar com um dos comandantes do grupo, e que ela havia dado à luz uma criança. Porém, nenhuma hipótese foi confirmada e o pai dela disse que tudo o que a família quer é ter a filha de volta, com ou sem um bebê.
Em uma carta aberta, os pais da cristã falaram da dor deles, lembrando o presidente Muhammadu Buhari de uma promessa que ele fez à mãe de Leah em 2018. "Senhor presidente, você me prometeu ao telefone que minha filha seria libertada em breve porque as negociações estavam acontecendo e não ia demorar muito para que Leah voltasse para casa. Mas já se passaram mais de dois anos desde que você fez essa promessa e Leah está há três anos em cativeiro", escreveram na carta divulgada pelo porta-voz da família.
"Senhor presidente, nós imploramos a você para colocar-se em nossa posição e assumir que Leah poderia ser sua filha. Como você se sentiria sabendo que ela está em cativeiro só porque ela foi corajosa para se recusar a renunciar à fé dela?", clama o pai. O amigo da família, o reverendo Gideon Para Mallam, disse aos parceiros da Portas Abertas que o silêncio do governo federal e dos raptores de Leah não é bom. "De fato, nenhuma notícia oficial saiu sobre Leah no ano passado, nem dos sequestradores, nem do governo federal da Nigéria. O silêncio é preocupante. Os pais merecem ser informados pelo governo, pelo menos secretamente. Mas não vamos conseguir nada disso", disse ele.
Um parceiro da Portas Abertas explicou que é importante ter um nível de discrição em casos de negociações de libertações de reféns, mas que "poderia haver muito mais compaixão em relação às famílias dos cativos". Ele conclui: "É por isso que a Portas Abertas tem insistido para que o governo crie uma posição interna com o único propósito de manter uma ligação familiar ativa e um canal de comunicação aberto e acessível com os pais traumatizados dos reféns".
Enquanto isso, algumas das meninas que foram sequestradas pelo Boko Haram na escola em Chibok, em abril de 2014, e foram libertadas compartilharam diários que mantiveram enquanto estavam em cativeiro.
Naomi Adamu tinha 24 anos quando os radicais invadiram a escola. Como a maioria das outras meninas sequestradas, ela era cristã e enquanto estava em cativeiro se recusou a se casar e renunciar à fé. Como um ato de desafio, ela e algumas das outras meninas mantiveram um diário, usando cadernos que os militantes lhes deram para escrever versos islâmicos. "Decidimos escrever nossas histórias para que, se uma de nós conseguisse que escapar, pudéssemos contar para as pessoas o que aconteceu conosco", disse ela. Elas também escreveram versículos bíblicos e orações nos diários, que esconderam dos militantes.
Os líderes do Boko Haram pressionaram Naomi a se casar, esperando que as meninas mais novas seguissem o exemplo. Por se recusar, ela foi punida com agressões e ameaças de morte. Os extreminas também usavam a fome para chantagear as meninas, mas Naomi e algumas das garotas contrabandeavam comida. Elas também permaneceram firmes no evangelho e não tinham medo de cantar canções cristãs na frente dos vigias.
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