Portas Abertas • 30 jan 2022
Líderes mundiais e religiosos apelaram para que os ataques acabem (foto: IMB)
As igrejas e os civis continuam a ser atacados na região leste de Mianmar, onde a resistência armada contra os militares é mais forte. Líderes mundiais e religiosos apelaram para que os ataques acabem, mas o pedido não foi acatado.
Por isso, muitos cristãos deixaram os vilarejos onde moravam e agora vivem perembulando pelo país em busca de um lugar seguro para viver. Algumas igrejas se transformam em centros de acolhimento para refugiados, mas muitas foram afetadas pela violência e são inseguras. Em 17 de janeiro, por exemplo, militares lançaram um ataque aéreo a campos de refugiados, matando três civis e deixando sete feridos.
Os combates não cessaram durante as celebrações de fim de ano, por isso os cristãos no Leste de Mianmar não puderam comemorar o Natal e o Ano Novo. Em 24 de dezembro, pelo menos 35 civis foram mortos por soldados birmaneses. No dia 30, soldados incendiaram duas igrejas, de acordo com a Organização de Direitos Humanos de Chin (CHRO, da sigla em inglês).
Em toda a região, 22 igrejas e 350 casas civis foram queimadas ou destruídas pelos militares entre agosto e novembro de 2021. Os líderes cristãos do país temem que a perseguição aos seguidores de Cristo aumente, considerando os ataques aos cristãos que os militares realizaram nos últimos anos.
Outro problema é o inverno que aumenta as condições desconfortáveis que os refugiados enfrentam. "A temporada de inverno ainda está aqui. Muitos cristãos estão sem roupas quentes, sem abrigo, e enfrentando escassez de comida. Muitos fugiram devido aos combates entre os militares e as forças de resistência. Eles tornaram-se deslocados dentro do próprio país”, conta o irmão Lwin*, parceiro da Portas Abertas.
O medo se espalhou por todo o país após os militares tomarem o poder em um golpe de Estado em fevereiro de 2021. O fato começou em uma crise política e se transformou em uma guerra civil marcada pela brutalidade das forças de segurança.
Hoje, há um controle militar maior em departamentos de assuntos culturais e religiosos, financeiros e de fronteiras. Ex-generais e membros do partido militar passaram a ocupar posições-chave no governo e isso pode afetar diretamente na segurança dos cristãos locais.
*Nome alterado por segurança.
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