Portas Abertas • 13 abr 2018
A perseguição na China é institucionalizada
Autoridades locais da província de Henan, na região centro-leste da China, removeram cruzes de igrejas, fecharam escolas de educação infantil pertencentes à igreja e pediram aos cristãos de uma cidade para se registrar. As cruzes foram obrigadas a ser removidas porque eram ilegais, alegou um oficial do Escritório de Religião e Etnia do condado de Yichuan. “Atividades em prédios construídos ilegalmente serão proibidas, enquanto as atividades legais vão continuar”, disse o oficial ao jornal estatal Global Times na última segunda-feira (9). Ele acrescentou que o governo está focalizando atividades ilegais, não os cristãos.
Sob a liderança do presidente Xi Jinping, o governo chinês tem procurado aumentar o controle sobre assuntos e práticas religiosas no país, resultando, entre outras ações, na controversa campanha de remoção de cruzes na província da costa oriental de Zhejiang. Enquanto isso, cristãos da comunidade de Pingyuan na cidade de Anyang receberam ordem para se registrar, numa aparente tentativa de aumentar o controle sobre os cristãos na região.
Uma fonte local afirmou que “restrições religiosas são geralmente mais severas em Henan que em outros lugares”, principalmente após os novos Regulamentos sobre Questões Religiosas que passaram a vigorar em 1º de fevereiro. A nova regulação inclui critérios detalhados que as organizações religiosas devem seguir para obter o registro ou para estabelecer um lugar para suas atividades.
Henan é a província onde o movimento de igrejas domésticas rurais começou, gerando a formação da “igreja subterrânea”, que são igrejas sem registro que se reúnem nas casas das pessoas. Duas das maiores redes de igrejas domésticas operam a partir de Henan, e há muitos cultos na província, o que a torna um local ainda mais “delicado” sob o ponto de vista das autoridades. O governo quer controlar essas organizações, afirma a fonte.
Também em Anyang, mês passado, uma escola de educação infantil de uma igreja foi fechada por oficiais, por ser supostamente “desqualificada”. A polícia colocou avisos no portão da escola duas vezes, em 14 de fevereiro e 14 de março, e depois a fechou definitivamente. Os cerca de 60 a 70 alunos tiveram que procurar outra escola. “Outras escolas em condições piores não foram fechadas, só a que pertencia à igreja. As autoridades prestam mais atenção às escolas de igrejas”, uma fonte local disse à Portas Abertas.
Na capital do país, Pequim, as autoridades locais também fecharam uma escola de educação infantil no mês passado. A polícia tomou o local e impediu a entrada de professores e pais por três dias. Cerca de 40 policiais invadiram a escola e confiscaram livros e carteiras. Os pais perguntaram quem eram os superiores deles, mas os oficiais se recusaram a responder. O pastor Joseph Cui foi mantido em um veículo da polícia por meia hora e um dos pais (que tentava entrar na escola) ficou ferido e foi levado ao hospital. A escola e a Igreja Aijiabei funcionam no mesmo local. O governo está pedindo ao proprietário que expulse a congregação de lá.
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