Portas Abertas • 6 abr 2021
O governo do Sudão assinou acordos para assegurar a liberdade de culto, mas o impacto na vida dos cristãos ainda é pequeno
O governo do Sudão assinou um acordo prometendo liberdade religiosa e separação de religião e Estado, como parte de um acordo de paz com um grupo rebelde em Nuba, no Sudão. O acordo assinado com o grupo rebelde afirma que "nenhuma religião será imposta a ninguém e o Estado não adotará nenhuma religião oficial", segundo o portal de notícias americano Reuters.
O governo interino do Sudão, colocado em prática após a destituição do ex-presidente Omar al-Bashir em abril de 2019, tentou acabar com conflitos domésticos envolvendo uma variedade de grupos rebeldes. Em setembro, o governo assinou um acordo de paz com alguns dos grupos rebeldes e concordou em abandonar a provisão constitucional para uma religião de Estado, que é o islã. O grupo Movimento de Libertação Popular do Sudão-Norte (SPLM-N, da sigla em inglês), que atua na região de Nuba, onde a maioria é cristã, queria que o Sudão passasse a ser um Estado secular e democrático.
O governo de transição demonstrou a intenção de abordar as violações da liberdade religiosa do regime anterior e levar a democracia ao nível local. Esses objetivos são louváveis, mas "ainda há muito trabalho a ser feito no Sudão para garantir que a liberdade religiosa não seja apenas garantida pela Constituição, mas respeitada na prática pelos governos locais e cidadãos", disse um parceiro da Portas Abertas na África Subsaariana.
"A igreja continua enfrentando desafios", disse ele. Em fevereiro, um jovem líder cristão foi preso e interrogado por oficiais de segurança que o advertiram para não começar uma nova igreja, dizendo que o cristianismo é mau. Osama Saeed Musa Kodi também estava apoiando ativamente as tentativas de reconstruir uma igreja em Tamboul, estado de Gezira, que foi destruída em um ataque incendiário em janeiro.
O arcebispo Michael Didi de Cartum disse ao site de notícias La-Croix que o registro de igrejas ainda é problemático e que os cristãos continuam a enfrentar a discriminação na educação. "As minorias participaram da revolução, saudaram o novo governo com entusiasmo e ouviram o ministro de Assuntos Religiosos fazer bons discursos. Mas nada mudou para fortalecer seus direitos", disse Elshareef Ali Mohammed, advogado da ONG Iniciativa Sudanesa de Direitos Humanos, ao La-Croix.
O advogado ajudou a libertar a cristã sudanesa Mariam Ibrahim em 2014 depois de ter sido condenada à morte. Embora a pena de morte por apostia tenha sido abolida em julho, "a lei penal permanece baseada na sharia, o que coloca os cristãos em desvantagem no tribunal", disse Mohammed.
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