Uma vida afetada pela guerra

A vida dos cristãos sírios Ani e Sarkis foi completamente alterada por conta do conflito duradouro no país

Portas Abertas • 1 abr 2024


Mesmo diante do ataque que mudou sua vida para sempre, Ani teve o olhar atraído para Cristo, o que alterou completamente seu futuro

Mesmo diante do ataque que mudou sua vida para sempre, Ani teve o olhar atraído para Cristo, o que alterou completamente seu futuro

Ani tem quase 40 anos e cresceu em uma família cristã tradicional. Ela perdeu a mãe ainda muito nova. Seu sonho era ser esposa e mãe – uma figura da qual sentiu muita falta em sua própria vida. “Eu sonhava em ter uma filha que me chamasse de ‘mamãe’”, diz.    


Aquele futuro parecia se tornar realidade quando conheceu Sarkis e se casou com ele em 2009. “Assim que me casei, meu sonho era ter duas filhas. Eu queria criá-las bem, colocá-las nas melhores escolas, estar cercada por meus irmãos e amigos próximos. Eu até tinha esperança de abrir meu próprio negócio.”  Mas então a guerra começou.
 


Como todos em Alepo, Ani e Sarkis foram significativamente impactados pela guerra na
Síria ainda nos primeiros dias. “Eu me lembro dos dois primeiros anos. Eu estava empregada, mas a loja onde meu marido trabalhava foi fechada por estar muito perto dos terroristas. Eu trabalhava em uma área segura, mas minha casa ficava em uma zona de conflito. Às vezes, não conseguia ir para o trabalho por causa dos atiradores”, compartilha.    


Ani e Sarkis tiveram dificuldade para equilibrar o orçamento. “Meu marido começou a trabalhar como motorista de táxi pegando pessoas no aeroporto. Mas quando o aeroporto foi bombardeado, precisou parar. Lembro de passarmos por dias realmente difíceis. Eu não podia ir trabalhar sempre e, se fosse, tinha que chegar bem cedo e sair à noite”, disse Ani.    
 


Embora a guerra estivesse intensa, Ani e Sarkis queriam ter um filho. “Nunca pensamos que o conflito duraria tanto”, explica. Finalmente, depois de quatro anos, em 2013, Maria nasceu. Quando nasceu, Alepo estava nas manchetes globais quase todos os dias. Por um longo tempo, a cidade esteve sitiada e nenhum lugar era realmente seguro.    
 


O dia em que tudo mudou
 

Ani compartilha sobre como a filha de sete meses sobreviveu à explosão de um morteiro. Maria passou por uma cirurgia para a retirada de fragmentos de sua cabeça 


Em 24 de março de 2014, um dia depois do aniversário de Ani, ela esperava convidados para festejar. Eles ainda tinham eletricidade, algo raro em Alepo naquele momento da guerra. Ani alimentava Maria quando o primeiro morteiro caiu em frente à casa dela. “Meu marido me disse para descer, pois morávamos no quinto andar. Eu peguei Maria e fui para a casa de uma vizinha no segundo andar.”    
 


“Eu segurava Maria no colo e mal me sentei. Foi uma questão de segundos. Fiquei sem entender o que aconteceu. Eu me vi voando com Maria chorando em meu colo, mas não ouvia nada.” A explosão do morteiro fez Ani e Maria voarem pela sala, com um barulho que ensurdeceu Ani. “Maria e eu caímos, mas ela continuava no meu colo”, conta. Quando olhou para a filha, viu que o couro cabeludo dela estava erguido e havia uma grande ferida na cabeça da menina. Sem saber o que fazer, Ani desceu correndo as escadas.     
 


“Eu não lembro do que aconteceu depois disso. Sei que um homem enviou Maria para o hospital de ambulância. Levaram-me para lá de carro, mas eu sabia que algo havia acontecido com ela”, explica. Maria passou por uma longa cirurgia. Para isso, Sarkis assinou um documento dando consentimento, afinal havia 75% de chances de a bebê não sobreviver.   
 


“Durante a cirurgia, eles retiraram fragmentos do morteiro que penetraram na cabeça dela. Porém, um pequeno pedaço permaneceu. De acordo com os médicos, era muito arriscado removê-lo. E, apesar de frágil, milagrosamente Maria sobreviveu”, descreve a mãe.   
 


Primeiro, Maria foi para a UTI e ficou no hospital por quase três semanas. “Antes de deixarmos o hospital, conversamos com o médico, que explicou que não podiam ter certeza dos efeitos do estilhaço no cérebro de Maria a longo prazo.” Ela tinha apenas sete meses e não andava ou falava. O casal ficou aliviado apenas por Maria estar viva.   
 


Projetos de geração de renda 


Para muitos, a vida na Síria é insustentável, por isso, muitos cristãos deixaram o país. No entanto, ao receberem ajuda, outros cristãos decidem permanecer no país e representar a luz de Jesus em meio ao caos.
Com uma doação, você garante que mais famílias cristãs sírias sejam beneficiadas com projetos de geração de renda e reforma de casas. 

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