Qual é a situação política da Nigéria pré-eleições?

Entenda um pouco mais sobre os partidos políticos nigerianos, além das tradições políticas do país

Portas Abertas • 22 fev 2023


Após as últimas eleições, a insegurança se espalhou, o crescimento econômico diminuiu, o sistema educacional colapsou e o empobrecimento da população aumentou

Após as últimas eleições, a insegurança se espalhou, o crescimento econômico diminuiu, o sistema educacional colapsou e o empobrecimento da população aumentou

A previsão é que no dia 25 de fevereiro de 2023 a Nigéria realize sua 17ª eleição presidencial consecutiva desde 1999, quando o país voltou ao regime democrático. A Nigéria é lar da maior população e principal força econômica e política do continente africano, apesar de ser rotulada como a “capital da pobreza no mundo”, de acordo com o Banco Mundial. O país é a sexta maior população cristã no mundo, com 87 milhões de seguidores, e a quinta maior população muçulmana, com 90 milhões.


Após o presidente Muhammadu Buhari assumir do então presidente Goodluck Jonathan, em 2015, a violência militante islâmica só aumentou. Além disso, a insegurança se espalhou, o crescimento econômico diminuiu, o sistema educacional colapsou e o empobrecimento da população só aumentou. As duas regiões que mais sofrem com a crescente insegurança é o Norte do país e o Cinturão Médio.


Com a já existente tensão social, religiosa e política, muitos temem que o potencial para violência durante essas eleições e após o período eleitoral seja maior do que nunca. Além da insegurança e instabilidade econômica no país, é possível haver um impacto negativo muito mais amplo no abastecimento de alimentos, na população de refugiados e na segurança do continente.


Qual a forma de governo na Nigéria?



A Nigéria é uma república federal com um sistema presidencial. O presidente é o comandante do Estado e do executivo, diretamente eleito para um mandato de quatro anos. É ele quem nomeia o vice-presidente e os membros do gabinete.


Os principais partidos políticos que disputam as eleições são o Partido Democrático Popular (PDP) e o Congresso Progressista de Todos (ACP, da sigla em inglês). Todos os partidos que concorrem a essas eleições terão que oferecer reformas estruturais profundas e políticas duradouras para resolver os problemas que afetam severamente milhões de nigerianos. Entretanto, durante o período eleitoral, houve menos foco nas políticas sugeridas pelos partidos e mais críticas sobre a controvérsia da chapa exclusivamente muçulmana e da inabilidade de ambos partidos levarem o país adiante.


O que é a controvérsia da chapa exclusivamente muçulmana?



Apesar de não haver nenhum acordo formal, há um senso comum entre os partidos políticos que concorrem à presidência. Deve haver sempre uma alteração de poder entre os muçulmanos do Norte e os cristãos do Sul. Além de uma alteração geográfica, isso também se deve pelo compromisso com a representação religiosa.


Seguindo a tradição, a expectativa geral era de que o próximo presidente seria um cristão do Sul e o vice-presidente representaria o Norte muçulmano. Entretanto, diferente disso, o partido de oposição PDP nomeou Atiku Abubakar, um muçulmano, que escolheu Ifeanyi Okowa, um cristão, como seu vice-presidente. Um mês depois, o costume foi novamente ignorado quando o partido do governo, Congresso Progressista de Todos (APC), nomeou Bola Tinubu, um muçulmano do estado de Lagos, no Sul, e esse escolheu como vice um muçulmano do Norte, o antigo governador do estado de Borno, Kashim Shettima.

 
Quais as preocupações de uma chapa exclusivamente muçulmana?



A chapa que tem exclusivamente muçulmanos, independentemente do partido, tem o potencial de aumentar a apreensão no país, que já é divido por questões étnicas e religiosas. Como a população é aproximadamente dividida ao meio entre cristãos e muçulmanos, muitos cristãos não se sentem representados com uma nomeação presidencial exclusivamente muçulmana.


A Associação Cristã da Nigéria (CAN, da sigla em inglês) também expressou abertamente a preocupação com a questão. O secretário nacional da associação, o advogado Joseph Bade Daramola, disse: “A CAN pede que um equilíbrio entre os praticantes das duas religiões sejam considerados na escolha para a corrida presidencial. Não aderimos a chapa exclusivamente cristã ou muçulmana”.


O arcebispo metropolitano e primaz da Igreja da Nigéria, de comunhão anglicana, reverendo Henry Ndukuba, compartilhou em uma entrevista: “Somos totalmente contra isso. Quando você indica ou escolhe pessoas da mesma fé, seja uma chapa apenas cristã ou muçulmana, você está sendo muito insensível com o sentimento das pessoas. Para nós, isso anuncia perigo”.


Muitos outros expressam sua preocupação e o potencial perigo de uma chapa apenas muçulmana, enfatizando que se trata de uma questão de inclusão e representação. A chapa exclusivamente muçulmana teve uma tentativa bem-sucedida décadas atrás, porém, durante o mandato, um golpe militar trouxe fim ao governo civil. Muitos se preocupam que a história se repita.


A opção do Partido Trabalhista




Diferente dos demais, o Partido Trabalhista nomeou Peter Obi, um cristão do Sul, como candidato presidencial, e Yusuf Baba-Ahmed, um muçulmano do Norte, como vice. Eles seguiram a tradição, tendo um melhor senso de representação quanto às diversidades étnicas e religiosas da Nigéria. Portanto, há uma expectativa que os cristãos votem em Peter Obi e seu partido.


O país busca desesperadamente uma nova liderança capaz de restaurar a lei e a ordem, além de prover soluções de segurança. Obi parece ser essa alternativa. Os candidatos do partido no poder (APC) e da oposição (PDP), mostram ser dois lados de uma mesma moeda.


Obi é elogiado pela qualidade da liderança que mostrou ao atuar como governador do estado de Anambra, de 2006 a 2014. Ele está ganhando um suporte muito grande, principalmente dos jovens e outros que esperam que ele replique o que fez em Anambra em todo o país.

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