Portas Abertas • 10 jan 2015
Um olhar mais atento revela perigos ocultos em Papua. A enorme disparidade econômica; a pobreza extrema; os sistemas subdesenvolvidos de educação, saúde e infraestrutura; a crescente de abusos dos direitos humanos e de agressão militar; a discriminação. Muitos acreditam que os papuas são maltratados com base em raça, cultura, e o mais importante: a religião.
Diferentemente da maioria dos indonésios que professam a fé islâmica, o cristianismo foi abraçado pelos papuas muito antes do Dia da Independência, em 1945. O medo da islamização está presente desde o nascimento da nação. De fato, a expansão do islã parece inevitável: o transporte cada vez mais acessível na Indonésia criou o trânsito de pessoas de várias partes do país para Papua por melhores oportunidades econômicas.
Esta mudança demográfica evoca inquietação entre os cristãos locais. Aos seus olhos, o Estado está por trás do movimento. O aumento acentuado das mesquitas e instituições islâmicas para servir aos oficiais militares e governamentais muçulmanos que migraram para esta região fortaleceu ainda mais o receio de que a perseguição está cada vez mais próxima.
Se manuseadas de forma imprudente, a desconfiança e a insegurança podem levar a um novo conflito sangrento entre as comunidades cristã e muçulmana. Um surto violento ocorreu na província vizinha Maluku no final de 1990, provocando a morte de 7 mil pessoas e deixando 30 mil deslocados.
Somando-se às tensões, há relatos de conversão forçada de crianças papuas ao islamismo. O jornal The Sydney Morning Herald relatou um caso em que 2.200 crianças de Papua foram levadas para a ilha de Java e foram matriculadas em uma escola islâmica. Lá, elas serão não apenas introduzidas ao islã, como também treinadas para um dia de propagação do islamismo em Papua.
A Portas Abertas visitou Papua repetidamente a fim de construir uma rede de líderes da Igreja, fortalecer o corpo de Cristo, e prepará-los para uma mudança súbita que pode desencadear tensões.
Colaboradores da Portas Abertas realizaram o seminário Permanecendo Firme Através da Tempestade em Biak, base militar da Indonésia em Papua. O treinamento tem como objetivo preparar as igrejas para reajam biblicamente em tempos de perseguição. Embora Biak seja relativamente estável, estima-se que a proporção de cristãos e muçulmanos tenha mudado de 90% e 10% a 60% e 40%, respectivamente, em apenas uma década.
Joko, um ex-muçulmano e ex-oficial militar, compartilhou: "Outros oficiais zombavam de mim. Eu também era discriminado com relação ao salário e promoções por causa da minha fé. Mas esse é o preço de seguir Jesus", explicou.
Ao perceber as tensões crescentes, os colaboradores da Portas Abertas questionaram: “Como vocês podem transformar essas ameaças em oportunidades? Vamos transformar essa ansiedade em uma abordagem abrangente e bíblica para compartilhar o evangelho com os muçulmanos que têm migrado para Papua!". Os participantes responderam positivamente e deixaram o seminário com o compromisso de orar pela Igreja Perseguida. "Obrigado, Portas Abertas, por nos iluminar. Estamos agora em condições de desenvolver uma estratégia adequada para futuras grandes mudanças", disse Stephen, um participante e pastor local.
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