Portas Abertas • 2 jul 2019
Apesar de seu desejo de conhecer mais de Deus, não havia ninguém para compartilhar o evangelho com Quan (imagem representativa)
Antes de ser pastor, Kua Quan* cresceu como um feiticeiro que praticava artes marciais. Mas após começar a procurar por alguém que derrotasse o diabo, tudo em sua vida mudou. Quando você ouve que alguém é mestre em artes marciais, o que imagina? Talvez pense no Bruce Lee, Jackie Chan ou Karatê Kid. O que você provavelmente não imagina é um homem pequeno do nordeste do Vietnã que chora ao falar sobre sua visita a um membro da igreja que está na prisão. Contudo, este é o pastor Quan. Ele tem a habilidade e os músculos de alguém que passou anos praticando artes marciais e o coração de alguém que ama a Jesus e sua igreja.
Apesar disso, o amor de Quan por Jesus não esteve sempre ali. Na verdade, na maior parte de sua vida, não sabia nem quem ou o que Jesus era. Ele é do povo hmong, que vive no Norte do Vietnã e em alguns países vizinhos, como Laos e Tailândia. Na comunidade, sua etnia está vinculada à adoração ancestral e práticas religiosas tribais tradicionais, como por exemplo consultar espíritos do mal.
“O povo hmong ensina as crianças que há um Deus, mas que ele é alguém que sempre julga caso você faça alguma coisa errada. Eles não ensinam as pessoas a crerem em Deus. Toda vez que alguém desse povo encontra uma cobra entrando em sua casa, fica doente ou sofre um acidente, é sempre por causa do diabo”, explica. E a família de Quan estava seriamente envolvida nesse tipo de crença. “Meu pai foi feiticeiro por toda a vida. Mas por ser um feiticeiro, apenas praticava rituais e não ajudava nossa família”, disse.
Há não muito tempo, Quan queria seguir os passos do pai e se tornar um feiticeiro. “Eu tinha que estudar. Meu pai me encorajou a ser feiticeiro para saber o que os espíritos malignos queriam. Aos 22 anos, eu era um aprendiz”, lembra. Ser feiticeiro era a única coisa da trajetória do pai que Quan tinha escolhido para ele. Como ser um feiticeiro significa viajar nos arredores e lidar com forças poderosas de espíritos maus, ele foi instruído a aprender artes marciais. Isso o manteria a salvo no perigoso trabalho que estava prestes a realizar. “Meu pai disse que quando você se torna um feiticeiro, os espíritos malignos temem você, e quando está no caminho das pessoas, os espíritos o assustam”, conta.
Enquanto estudava para se tornar um feiticeiro, começou a questionar se havia mais para acreditar. Afinal de contas, se seu trabalho significava ser um especialista em assuntos espirituais, porque estava tão assustado? “Toda vez que pedia ajuda ao espírito do mal, eu precisava sacrificar algo para ele. Na maior parte da minha vida, tive medo dos espíritos. Só de pensar que era um feiticeiro, tinha pesadelos. Eu via espíritos maus nos meus sonhos, e só conseguia gritar, mas sem conseguir dominá-los. Aos 23 anos, comecei a tentar descobrir mais sobre Deus, porque queria saber como superar o diabo. Eu imaginava como seria buscar a Deus. Mas não havia ninguém para compartilhar o evangelho. Eu tive que descobrir sozinho”, relembra. (Esta história continua)
*Nome alterado por segurança.
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