Portas Abertas • 31 mai 2020
A comunidade de quase 350 mil cristãos representa apenas 1% da população total do Uzbequistão
O Uzbequistão é governado por uma das mais duras ditaduras da Ásia Central. O cristianismo é considerado como algo estrangeiro e um fator desestabilizador. Além disso, cristãos ex-muçulmanos enfrentam pressão adicional em seu ambiente sociocultural. A pequena minoria cristã, de apenas 1,1% da população, é fraca devido a muita divisão e pouca cooperação entre as diferentes denominações. Isso torna a igreja fraca e a joga nas mãos do governo.
O cenário para os cristãos no Uzbequistão tem se deteriorado gradualmente desde o final de 2014. O aumento da pressão de um nível muito alto para extremo mostra como a situação para os convertidos no Uzbequistão piorou. O país está na 18ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2020 e tem uma população cristã de 349 mil dos seus 32,8 milhões de pessoas.
A pressão média sobre os cristãos está em um nível extremamente alto (14 pontos), diminuindo de 14,1 na LMP 2019. Houve uma ligeira diminuição nas pontuações para as esferas da vida nacional e igreja, indicando um impacto menor da paranoia ditatorial. Duas esferas da vida mostram níveis de pressão muito altos (vida familiar e nacional) e três têm pontuações extremamente altas (comunidade, privada e igreja, em ordem crescente). O fato de a pontuação mais alta ainda estar na esfera igreja reflete a pressão extrema que o Estado continua a impor através de muitas restrições.
A pontuação para violência diminuiu de 3,2 na LMP 2019 para 3 na LMP 2020, devido principalmente ao menor número de incidentes violentos relatados. Veja no gráfico abaixo.
Embora as leis no Uzbequistão deem direitos iguais a homens e mulheres, a cultura islâmica tradicional coloca as mulheres abaixo dos homens e subservientes a elas no contexto familiar. A submissão total é esperada das mulheres aos pais ou, se casadas, aos maridos.
Dentro deste contexto, as mulheres não são livres para escolher a própria religião e enfrentarão perseguição após a conversão ao cristianismo. A estrutura rígida da sociedade significa que, inversamente, as mulheres também são alvo de perseguição como forma de infligir danos psicológicos a seus maridos ou outros membros da família.
O encarceramento em prisão domiciliar é uma forma comum e socialmente aceita de colocar as convertidas sob pressão. O acesso aos círculos sociais, sobretudo os meios cristãos, é restringido, na esperança de que o convertido retorne ao islã. As convertidas em regiões conservadoras correm o risco de serem sequestradas e casadas à força com homens muçulmanos.
Se já são casadas quando se convertem, o marido muçulmano geralmente se divorcia da esposa e nega seus direitos na divisão de bens. Em casos mais extremos, a esposa é forçada a fugir, como foi o caso de uma mãe uzbeque, em fevereiro de 2019. Ela tentou se refugiar do marido agressivo com amigos cristãos na Turquia, mas foi confrontada pelo marido no aeroporto, onde ele cortou o pescoço dela e a matou.
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