Portas Abertas • 10 mai 2017
Em um veredicto que surpreendeu a muitos, o tribunal indonésio condenou o governador de Jacarta, Basuki Tjahaja Purnama, mais conhecido como ""Ahok"", à dois anos de prisão pelo crime de blasfêmia. A sentença é maior do que os promotores pediram e a notícia foi bem recebida pelos extremistas islâmicos que se reuniram fora do tribunal para comemorar. Muitos partidários choraram. Andi*, uma muçulmana, disse que está com o coração partido. ""Ele é um homem tão bom e um grande líder e não se importava com a religião das pessoas; agora ele está preso"", lamentou. Milhares de policiais estavam nas ruas para evitar confrontos entre os apoiantes e opositores de Ahok. O processo judicial teve apoio político, o que ilustra a crescente intolerância religiosa na nação mais populosa do mundo com maioria muçulmana. De acordo com um colaborador da Portas Abertas, a acusação de blasfêmia tem sido uma arma poderosa nas mãos de grupos radicais. ""Se Ahok, sendo governador, não conseguiu escapar das falsas acusações, como os cidadãos comuns vão conseguir?"", questiona. A princípio, a condenação sugerida para o cristão de origem chinesa seria de dois anos de liberdade condicional com um possível período de um ano de prisão, caso cometesse algum crime durante a condicional. Essa recomendação de sentença foi dada, levando em consideração suas ""contribuições significativas"" para a capital indonésia. O juiz, no entanto, mudou o artigo do Código Penal ao julgar o caso. O juiz-chefe, Dwiarso Budi Santiarto, disse ao tribunal: ""Verificou-se que o Sr. Purnama, de forma legítima e convincente, conduziu um ato criminoso de blasfêmia, e por isso impomos a ele dois anos de prisão. Como parte de uma sociedade religiosa, o réu deve ter cuidado para não usar palavras com conotações negativas sobre os símbolos das religiões, incluindo a religião do próprio réu"". O governador foi detido logo após a leitura do veredito. Seu vice, Djarot Saiful Hidayat, governará Jacarta até o mês de outubro, quando terminaria seu mandato. Grupos islâmicos disseram que vão pedir uma sentença ainda mais severa, pois consideraram a prisão de dois anos muito leve. Segundo a lei indonésia, a blasfémia é punível com até cinco anos de prisão. De acordo com Frankfurter Allgemeine, um jornal alemão, a decisão do tribunal foi uma ""vitória para os defensores do islamismo político"" e pode impulsionar as eleições presidenciais de 2019 a acontecer sob a crescente influência do islamismo radical. Ore pela Igreja Perseguida na Indonésia. Leia também
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