Portas Abertas • 23 jun 2020
Com o fechamento das fronteiras, nenhum alimento chega até os norte-coreanos durante a quarentena
Enquanto países em todo o mundo lutam para conter a propagação da COVID-19, a Coreia do Norte ainda não confirmou nenhum caso da de coronavírus no território. Entretanto, isso não quer dizer que a doença não esteja presente em solo norte-coreano. As novas medidas do governo foram a proibição da entrada de estrangeiros na região e o impedimento de algumas famílias norte-coreanas se mudarem. De acordo com os observadores do país, a consequência das medidas pode ser outra “Marcha Árdua”, período de grande fome que aconteceu nos anos 90 e fez cerca de 3 milhões de vítimas fatais.
O cristão norte-coreano e parceiro da Portas Abertas, Timothy*, acrescenta: "Em meio às restrições de fronteira na Coreia do Norte, a escassez de alimentos quadruplicou os preços de mercado". Ele lembrou do relatório do portal de notícias Daily NK, que garantiu o fechamento de várias lojas pequenas. “Simplesmente não têm nada para vender. Por exemplo, é difícil encontrar açúcar e uma lata com 100g de pimenta chinesa subiu de 4.000 para 8.000 won coreanos (equivalente a R$ 34,78 reais)”, explica.
Sem alimento, dinheiro e ajuda internacional
Segundo um porta-voz da região, mesmo que exista locais para a venda de alimentos, os cidadãos não têm dinheiro para comprá-los, uma das saídas encontradas é procurar comida nas florestas e montanhas. “Muitos produtos são contrabandeados da China e da Coreia do Sul antes de chegarem ao mercado negro. A economia oficial já estava em coma, mas agora a economia paralela também sofreu um grande golpe, colocando em risco a vida de milhões de crianças e adultos", testemunha.
No dia 18 de maio, a Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação divulgou que a escassez de grãos na Coreia do Norte chega a 860 mil toneladas. Porém, o país está fechado para receber ajuda. A Portas Abertas está trabalhando para ajudar os norte-coreanos que vivem em países vizinhos como China e Coreia do Sul. “Nossas equipes estão se preparando para distribuir alimentos secretamente, mas os norte-coreanos precisam vir até nós. Por isso, realmente pedimos as orações e o apoio financeiro de nossos doadores. Precisamos de ambos e não podemos ter um sem o outro”, conta um parceiro local.
Às vezes parece pouco ajudar os cristãos norte-coreanos com apenas um pacote de comida e algum material cristão, mas o colaborador explica que os beneficiados enxergam os gestos de outra maneira. “Lembrei de uma mensagem que recebemos de um deles. Essa pessoa escreveu: Graças a sua ajuda, eu sei que Deus não nos esqueceu. Foi assim que Deus me lembrou que não trazemos sacolas com arroz. Trazemos esperança”, completa.
*Nome alterado por segurança.
Pedidos de oração
© 2024 Todos os direitos reservados