Portas Abertas • 26 jul 2016
Sintayehu* é uma cristã etíope que ficou viúva há sete anos. Sua vida não foi fácil de lá para cá, mas ela nunca pensou em desistir de sua fé em Cristo. Antes de seu marido Markos* morrer, vítima de perseguição religiosa, a família vivia bem. Ele era um importante homem de negócios e juntos tiveram sete filhos. O casal era muito respeitado na comunidade cristã e contribuiu bastante para o bom desempenho de uma igreja na Etiópia (país que ocupa a 18ª posição na atual Classificação da Perseguição Religiosa) mesmo enfrentando a crescente hostilidade dos seguidores extremistas do islã.
Atualmente, nenhum cristão se sente seguro no país, já que o Al-Shabaab ameaçou atacar a Etiópia em diversas ocasiões. Mas mesmo que o futuro da igreja seja incerto, existe fé, perseverança e muita garra por parte dos etíopes que caminham com Jesus. Sintayehu é um bom exemplo disso. Lidar com a morte repentina de seu companheiro parecia ser algo impossível para ela; além da dor emocional, teve ainda que enfrentar uma séria dificuldade financeira, já que o lucro do restaurante foi roubado no momento do assassinato que, segundo alguns amigos próximos, foi uma vingança pós-Ramadã. Os extremistas souberam que Markos doou uma quantia em dinheiro para a igreja.
Sintayehu foi amparada pela Portas Abertas desde então. Atualmente, ela afirma ter a convicção de que Deus transforma a tristeza em alegria. Mesmo passando por grandes dificuldades e uma primeira tentativa frustrada de reabrir o restaurante, em que conseguiu apenas dívidas em vez de lucro, ela venceu. Os militantes islâmicos continuaram a perseguir a família, então ela teve que se mudar para outra cidade. Também teve alguns problemas com seus filhos; o mais velho esteve rebelde durante um tempo, após a perda do pai. Outro filho decidiu parar os estudos e abrir um pequeno negócio para colaborar com a renda da casa. Ela perdeu um dos filhos em uma explosão acidental no trabalho e outro se envolveu num acidente de carro, onde duas pessoas morreram e ele foi condenado a 15 anos de prisão por homicídio culposo (quando não tem a intenção de matar).
Apesar de tudo, Sintayehu disse que tem visto as misericórdias do Senhor. “A presença de cada um de vocês em meus momentos de dor são as respostas de Deus às minhas orações. Minha esperança foi restaurada com a presença dos irmãos, de várias formas, tanto através das visitas quanto pelas cartas que recebi (uma campanha especial de cartas e cartões foi realizada para a família). Disso eu nunca vou me esquecer. Saber que tantos irmãos de outros países dedicaram o seu tempo para escrever algumas palavras para uma família etíope, de uma aldeia tão distante, que nem sequer conhecem, foi algo novo e maravilhoso para mim. Meu coração é muito grato a Deus pela vida de todos vocês”, conclui Sintayehu que pede para que continuem orando por ela.
*Nomes alterados por motivos de segurança.
© 2024 Todos os direitos reservados