Como estão os cristãos na Síria após um ano da queda de Bashar al-Assad? 

Após quatorze anos de guerra civil brutal na Síria, o regime de Bashar al-Assad e seus opositores viram o conflito terminar abruptamente em 8 de dezembro de 2024. Os sírios imediatamente foram às ruas para celebrar, expressando nas redes sociais o alívio pelo fim do legado de décadas da família al-Assad. Os cristãos que viveram anos de altos níveis de perseguição sob o regime também ficaram felizes, mas com medo. A pergunta que ainda os preocupa é: como será a nova Síria para os cristãos? 

Diante desse cenário, muitos seguidores de Jesus fugiram da Síria. Outros se deslocaram para vilarejos cristãos, pois a hostilidade está crescendo a níveis insustentáveis em áreas de maioria islâmica na Síria. 

Muitos cristãos de origem muçulmana são forçados a se tornar cristãos secretos, expressando a fé longe da vista pública, em casa, sozinhos ou apenas com a família, por causa do aumento de ataques a cristãos sírios desde junho de 2025. E há os que permanecem e colocam sua vida diariamente em risco por amor a Cristo e para cumprir a missão de anunciar o amor de Jesus na Síria.

Medo cresce entre os cristãos na Síria 

Em janeiro de 2025, o HTS nomeou seu líder, Ahmed al-Sharaa, como presidente interino da Síria e formalizou o novo cenário político. Inicialmente, houve mudanças positivas. Um ano após a queda do regime, o cenário sírio foi dramaticamente remodelado.

A Síria vive hoje uma séria crise econômica e de segurança, em que os bancos não conseguem disponibilizar saques de valores mínimos para sobrevivência e criminosos roubam e matam impunemente, sem a presença das forças armadas. Somando-se a essa instabilidade, a nação tem sido alvo de grandes ataques violentos.

Muro pixado com ameaça a cristãos na Síria em 2025

Alguns atentados foram sem motivação religiosa – como o massacre de março de 2025 e os atentados em Suweyda –, mas outros foram ataques diretos a seguidores de Jesus, como o bombardeio à igreja Mar Elias, com 25 cristãos mortos e 60 feridos na cidade de Damasco. Porém, mesmo nos ataques sem motivação religiosa, cristãos foram mortos, mostrando o quanto a nação está se tornando insegura para os que professam a fé cristã.  

Além disso, recentemente, ameaças de morte a cristãos foram escritas nas paredes de igrejas e em áreas cristãs. “Na semana passada, alguns homens de repente cuspiram em mim quando eu estava na rua. Eles não eram da região. Eu simplesmente segui meu caminho sem reagir, porque não é assim que nós, cristãos, agimos”, relata com tristeza o líder cristão Isaac, de Homs.

A fé que vence o medo na Síria 

Mas a conclusão é de esperança e fé em meio ao medo. O número de pessoas que se convertem ao cristianismo está aumentando. Isso inclui alguns indivíduos que retornaram à Síria vindos de campos em outros países, tendo se tornado cristãos durante o deslocamento. Essa tendência também pode ser vista entre os curdos e os drusos na Síria.

“Tudo isso nunca impediu a igreja de continuar sua missão. Pelo contrário, foi um recomeço renovado com maior fé e coragem.” – pastor Abdulla, da Alliance Church em Alepo

Faça parte do agir de Deus na Síria

Mesmo sob perseguição, a igreja não desiste no Oriente Médio e Norte da África. Cadastre sua igreja no Domingo da Igreja Perseguida 2026 e fortaleça nossos irmãos na fé que decidem viver uma fé corajosa todos os dias. 

Pedidos de oração pela Síria 

• Ore para que Deus dê aos cristãos na Síria força para enfrentar todas as dificuldades que têm passado.
• Peça a Deus que toque os corações daqueles que querem fazer mal aos cristãos e remova o espírito de vingança e ódio de seus corações.
• Interceda pelo trabalho dos parceiros locais da Portas Abertas com cristãos perseguidos na Síria.
• Clame pelos perseguidores, para que tenham um encontro com Jesus e sejam transformados por seu amor. 

PERGUNTAS FREQUENTES

Cristãos estão fugindo da Síria? 

Sim e não. De fato, há cristãos fugindo da Síria. A nação é o 18º país na Lista Mundial da Perseguição 2025 e a violência obriga cristãos a deixarem suas casas, seja como deslocados internos, dentro do país, ou como refugiados, fora da Síria. Em 2025, ataques especialmente na região de maioria drusa ao redor de Suweyda, ao sul de Damasco, fizeram com que mais da metade dos cristãos se deslocasse internamente.

Muitos cristãos buscaram refúgio na igreja, pois não era seguro permanecer em suas casas. “Eu não sei como recomeçar. Perdi toda minha vida, trabalho, casa e segurança. Ninguém pode devolver minha vida”, diz Fadi, um homem de 52 anos de Suweyda.  

Tudo isso faz com que muitos cristãos procurem um lugar seguro fora da Síria. “Não consigo ver nenhuma mudança positiva porque não me sinto seguro; todas as pessoas ao meu redor querem sair”, diz Nariman, que atua na igreja em Wadi al-Nasara – o Vale dos Cristãos.  

Apesar dos desafios, muitos cristãos permanecem na Síria e persistem em cumprir a missão de ser sal e luz graças ao apoio da igreja do mundo todo enviado por meio da Portas Abertas. “Depois da guerra, trabalhamos para restaurar a igreja, e agora vejo ela esvaziando novamente, mas continuamos realizando nossos cultos; a igreja nunca desiste”, afirma o pastor da Igreja Evangélica em Kharaba, uma vila na província de Suweyda. 

O Norte da Síria continua sob controle curdo? 

Sim. O Norte da Síria é controlado por grupos curdos cujas decisões afetam os cristãos sírios. No início de 2025, as autoridades curdas impuseram o uso do currículo em língua curda em todas as escolas. Isso levou ao fechamento de 14 escolas cristãs onde as aulas eram em árabe. Após longas negociações, as autoridades finalmente permitiram que as igrejas reabrissem suas escolas e ensinassem o currículo sírio, mas as crianças tiveram um atraso de mais de um mês no início das aulas.

“A fé das nossas crianças e a confiança na igreja fazem com que elas sejam pacientes e permaneçam firmes na terra”, diz o líder cristão Morris. 

Qual o futuro da igreja na Síria? 

O futuro da comunidade cristã na Síria pós-regime permanece um equilíbrio precário entre uma fé profundamente enraizada e um medo esmagador da instabilidade. Nesse cenário, apesar do medo e dos riscos, a fé corajosa persiste. 

“Tenho fé de que esta escuridão precede uma intervenção divina, permitindo que a igreja na Síria não apenas sobreviva, mas permaneça firme, inabalável e sólida em sua terra ancestral”, diz o pastor Abdalla, da Alliance Church em Alepo. 

O líder cristão Isaac, em Homs, tem a mesma visão: “As pessoas se tornaram mais ligadas à fé, e isso é algo alegre, porque não importa o que enfrentaram, sua fé não enfraquecerá”. Em meio a tudo isso, parceiros locais da Portas Abertas continuam a apoiar cristãos na Síria.