Portas Abertas • 16 dez 2024
Cristãos norte-coreanos precisam de abrigo, alimento e cuidados médicos na China
Um novo relatório do web site Daily NK reafirmou que a China não vê os norte-coreanos que fogem para o país como refugiados, mas como imigrantes ilegais. Segundo a fonte, a polícia da província de Liaoning disse que o governo chinês “nunca reconheceria os norte-coreanos como refugiados e que essa política nunca mudaria”.
De acordo com Simon Lee*, coordenador do trabalho da Portas Abertas com norte-coreanos, essa declaração revela que as pessoas que fogem para a China não serão protegidas pelo governo, assim como está previsto no artigo 14 da Declaração dos Direitos Humanos. Caso o governo chinês seguisse o artigo 14, os norte-coreanos deveriam ser apoiados e não enviados de volta, sob risco de interrogatório, prisão e até morte.
Lee explica que todo norte-coreano que é capturado na China passa por um interrogatório para saber se ele teve contato com o cristianismo. “Os interrogadores perguntarão se você viu uma Bíblia, se você foi à igreja ou se você se encontrou com algum missionário. Se você responder sim a qualquer uma dessas perguntas, eles tentarão descobrir se você se tornou um cristão. Quanto mais tempo de fé, mais pesada será a punição. No pior cenário, você será enviado para um campo de trabalho para prisioneiros políticos sem chance de ser liberto”, testemunha.
Nos últimos anos, houve uma onda de prisões e repatriações de norte-coreanos. Muitos foram avisados, especialmente mulheres casadas com homens chineses. “Elas são frequentemente vendidas para casamento e, embora a vida seja difícil para elas, geralmente é melhor do que a vida que levavam na Coreia do Norte. Além disso, elas podem ajudar suas famílias [ainda na Coreia do Norte]”, complementa o cristão.
So Young* ia participar de uma reunião com outros cristãos norte-coreanos refugiados quando foi presa. Ela foi levada à delegacia e, quando perguntou o motivo de ser detida, ouviu: “Você fez o amigo errado”.
Durante uma semana, a cristã ficou presa na China e teve que justificar sua presença no país, perguntaram se ela era casada e por que frequentava o grupo de estudo bíblico. Após investigações, ela foi deportada para a Coreia do Norte.
A van em que So Young estava parou no meio de uma ponte e ela foi entregue algemada para policiais norte-coreanos. A cristã foi levada para uma delegacia da Agência de Segurança Secreta e foi obrigada a escrever um relatório sobre a sua história familiar e seu tempo na China. “Eu disse a eles que não me lembrava de tudo da minha família, mas eles já sabiam exatamente quem eu era e quem era minha família.”
Por não confessar que estava indo ao estudo bíblico, So Young recebeu uma pena por cruzar ilegalmente a fronteira. Então foi levada para um campo de reeducação, onde passaria cinco anos trabalhando e tendo aulas da ideologia comunista. “Se não cumpríssemos [nossa cota de trabalho], ou se alguém cometesse outro erro, todos nós éramos punidos. Eles nos forçavam a ficar do lado de fora, na chuva, por duas ou três horas”, relembra a cristã.
So Young foi liberta e fugiu para a China novamente, onde reencontrou seu marido e filho chineses. Mais tarde, encontraram refúgio na Coreia do Sul, onde vivem atualmente.
*Nomes alterados por segurança.
Cristãos que fogem da Coreia do Norte para a China vivem em dificuldades e não podem trabalhar normalmente, pois serão capturados pela polícia chinesa. Faça uma doação e presenteie cristãos norte-coreanos com ajuda emergencial, abrigo e remédios.
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