Portas Abertas • 3 mar 2017
Nabila* deu uma última olhada para sua casa, pela janela quebrada do carro que a estava levando embora junto de alguns familiares. Eles estavam fugindo para salvar suas vidas, dentro de uma pequena van, para nunca mais voltar. De longe, ainda dava para ver a fumaça que subia por causa do incêndio, algumas horas antes, provocado por militantes islâmicos.
Quando eles entraram na casa, violentamente, mataram o filho e o marido de Nabila. Alguns minutos depois, tiraram dela a aliança, o único ouro que ela já teve na vida. Depois roubaram todos os utensílios de cozinha, junto do fogão a gás e outros objetos que tinham valor para eles. Ela foi colocada para fora de sua própria casa e obrigada a assistir aos homens ateando fogo onde um dia foi o seu lar.
Ela não teve direito a pegar nada, nem mesmo os corpos do filho e do marido, que só foram retirados quando as chamas se apagaram. As cenas foram das mais tristes e traumáticas que a cidade de Alarixe já presenciou, além da morte de outros sete cristãos, nos últimos dois meses. Atrás da van, seguia outro carro com os dois caixões, além do comboio de 84 famílias que se dirigiam para a cidade de Ismaília, em busca de refúgio.
Esses cristãos se despediram de sua cidade com o amargo sentimento da rejeição, do ódio e do preconceito. Crianças e adultos choravam juntos, seguindo para um futuro incerto. Assim como eles, há muitos outros em situações semelhantes. Centenas de famílias já abandonaram suas comunidades, comércios e pertences, em busca de proteção e segurança. Atualmente, muitos estão vivendo deslocados em diversas partes do vale do Nilo. Ore por eles e pela Igreja Perseguida no Egito.
*Nome alterado por motivos de segurança.
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