Portas Abertas • 25 jun 2018
Ore pela Igreja Perseguida no Egito
Com apenas um gol marcado até agora – de pênalti por Salah – o Egito perdeu os dois primeiros jogos e entra em campo hoje contra a Arábia Saudita já eliminado. O jogo será só para cumprir tabela, porque a Arábia Saudita (sem nenhum gol) também já está eliminada. Junto com o Marrocos, eles formam os três primeiros países a dizer adeus à Copa. Os três têm em comum o fato de serem majoritariamente muçulmanos – e também de perseguirem as minorias cristãs.
Em toda a história do futebol no Egito, houve apenas cinco cristãos entre os que atingiram os níveis mais altos na categoria. O jogador cristão Mina Bendary, de 22 anos, contou à Agência France Press que seu nome cristão foi uma "barreira intransponível" para a busca de uma carreira no futebol profissional.
Por isso, ele criou uma academia de futebol para jovens jogadores (de 15 a 17 anos), chamada Je suis (eu sou, em francês), em Alexandria três anos atrás, para oferecer-lhes um caminho alternativo. Bendary explicou que jogadores cristãos “são rejeitados pelos times assim que pronunciam seus nomes, independentemente de seu desempenho”. E acrescenta que isso aconteceu com ele em várias ocasiões, e que ele e outros cristãos chegaram a ser convidados a jogar com um nome muçulmano.
Um dos meninos da academia criada por Bendary, Mina Samir, 17, compartilha sua experiência. Diz que quando foi escolhido para uma partida decisiva, e o treinador perguntou seu nome, foi nítido sua perda de entusiasmo quando ele respondeu “Mina” – um nome tipicamente cristão. O treinador nunca mais entrou em contato com ele.
Embora os cristãos sejam 10% da população egípcia, as portas dos times profissionais continuam fechadas para eles. O preconceito não se limita ao futebol. Nenhum atleta cristão egípcio participou das Olimpíadas de 2016 no Brasil. Em uma reclamação ao Comitê Olímpico Internacional, eles notificaram a ausência de cristãos no futebol profissional como “um produto de uma discriminação enraizada que existe na administração do futebol e do atletismo do Egito, e na sociedade egípcia como um todo”.
A Associação Egípcia de Futebol nega qualquer tipo de discriminação religiosa. Um dos diretores disse: “A primeira coisa que ouvimos nesta associação é que não há discriminação”. Ore pelos cristãos do Egito, país que ocupa a 17ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2018.
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