Portas Abertas • 12 ago 2021
Por mais que o governo queira mostrar proximidade com os cristãos do país, a realidade é outra
Uma exposição que marca o 100º aniversário do Partido Comunista da China pretende mostrar ao público sobre como o partido tem ligação com o cristianismo. A exposição é chamada de “Um Coração, Uma Virtude, Um Caminho: o Cristianismo Chinês Ama o Partido, o País e a Exposição Temática do Socialismo”. Ela foi organizada pela Igreja das Três Autonomia, aprovada pelo Estado em Xangai, e tenta contar a história de como os cristãos estavam envolvidos com o Partido desde seus primeiros dias.
Um dos cristãos comprometidos nos primeiros anos foi o pastor Dong Jianwu. A exposição destaca as atividades do líder, incluindo o de cuidar dos três filhos de Mao Tsé-Tung na ausência dele. “Os membros avançados da comunidade cristã sempre foram de uma mente e uma direção com o Partido, deixando uma bela marca e tendo um testemunho maravilhoso”, afirma a exposição.
A igreja na China existe para “contribuir para o grande objetivo de construir um país socialista moderno”, trabalhar e orar por “um amanhã brilhante e mais glorioso no próximo século sob a liderança do Partido Comunista chinês”, disse o presidente do comitê central da Igreja das Três Autonomias, pastor Xiu Xiaohong, durante a cerimônia de abertura.
O que os visitantes não aprendem na exposição é que o pastor Dong Jianwu mais tarde foi expulso do Partido e perseguido durante a Revolução Cultural. As evidências da distância que cresceu entre o Partido Comunista e o cristianismo apareceram nas semanas após a abertura da exposição. Como os cristãos em Xianxian, atingida por enchentes na província de Henan, que foram proibidos de fazer trabalhos de socorro imediato em nome da igreja ou da fé; e o encerramento de contas cristãs de mídia social por consequência da repressão do governo.
“Nos primeiros dias, os membros do Partido Comunista ficaram impressionados com a comunidade cristã amorosa e carinhosa. Tentaram alcançar o mesmo objetivo: estabelecer uma sociedade utópica por meio de movimentos sociais e a formação de novas instituições sociais. Durante os últimos 100 anos, no entanto, tais esforços chegaram a um beco sem saída. A recente prosperidade econômica e o avanço tecnológico falharam em trazer a esperada transformação social à China. E não há como alcançar uma verdadeira harmonia social de acordo com os padrões socialistas e nem nutrir um tecido social saudável através do amor gentil e sacrificial de Jesus Cristo”, finaliza um parceiro local da Portas Abertas.
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