Portas Abertas • 2 ago 2024
O atentado aconteceu durante o momento de louvor em um culto no Nepal
No dia 15 de junho, o pastor Mohan Das* estava celebrando um culto na igreja local que ele lidera na província de Mahesh, Nepal, quando um grupo conhecido como Hindu Samrat Sena entrou e interrompeu as atividades. A multidão bateu e chutou o pastor. Quando a situação chegou ao limite, membros da congregação se uniram para defender o pastor, mas os extremistas se enfureceram.
A igreja com 70 a 80 cristãos está assustada. “Não esperávamos um ataque desses. Pensamos que se ficássemos no nosso canto estaríamos seguros. Era um dia como outro qualquer quando nos reunimos para adorar. Aproximadamente 11h20 da manhã, no momento do louvor, um grupo de quase 50 pessoas entrou e interrompeu o culto. Foi tudo muito rápido e eles gritavam que o cristianismo é uma religião de comedores de vaca. Os membros da igreja se defenderam dizendo que não comem carne e que ninguém os forçou a mudar de religião”, conta Mohan.
Os extremistas também acusaram o pastor de fazer lavagem cerebral nas pessoas para que elas mudassem de religião e o culparam pelo crescimento da igreja no vilarejo, onde há pouco tempo não existiam cristãos. “Reafirmei que eu apenas compartilhei a salvação em Cristo. Quando disse isso, um dos radicais veio à frente, bateu na minha cara e me chutou no estômago. A família do pastor e outros cristãos locais tentaram defendê-lo, mas a mãe do líder cristão foi agredida e quebrou o dente da frente. Eles jogaram todos os objetos do templo para fora, confiscaram as Bíblias e quebraram o violão”, acrescenta o pastor.
Mohan começou o ministério pastoral em 2012 e atua na igreja atacada há dez anos. Em janeiro de 2024, o mesmo grupo ameaçou a proprietária do prédio que a igreja alugava para funcionar. O próprio pastor foi ameaçado muitas vezes pelo líder do grupo e precisou sair do prédio alugado. Ele então construiu um pequeno abrigo no terreno onde mora e ali continuou a se reunir com a igreja. Desde então as ameaças dos radicais aumentaram.
“No meio da confusão, um cristão ligou para a polícia. Eles vieram, levaram os extremistas à delegacia e exigiram que devolvessem as Bíblias. Nós todos também fomos obrigados a ir à delegacia”, acrescentou o líder cristão. Os radicais continuaram a difamar o pastor e ainda o acusaram de trazer forasteiros para obrigar as pessoas a se tornarem cristãs. Depois de alguns esclarecimentos, o pastor e os cristãos voltaram para casa. Naquele dia, eles só conseguiram orar, pois não tinham condições de continuar o culto normalmente.
No dia seguinte, representantes da sociedade cristã conduziram um encontro para discutir o incidente. Eles enviaram uma carta pedindo medidas de segurança do governo local contra os agressores. Mas as autoridades estão relutantes em agir por medo da repercussão social. Elas pediram que a igreja interrompa as atividades por alguns meses e retorne quando a situação voltar ao normal.
A tensão continua no ar. Grupos radicias hindus continuam a ameaçar o pastor e os cristãos locais. Apesar disso, eles permanecem firmes na fé em Jesus e o pastor Mohan declarou que quer continuar servindo na mesma região. A esposa do pastor estava preocupada e com medo de perder o marido. “Eu a consolei dizendo que apenas fui estapeado, quando Jesus levou várias chibatadas e foi torturado, ele suportou a dor por mim. Então, em vez de fugir, é melhor ficar onde estamos e resistir à perseguição. Lembrei que ela deve manter a fé em Deus, não em mim”, disse o pastor.
Ele conta com as orações da igreja global por sua segurança e pela salvação dos extremistas. A parceira local Mina Rai* conta que a situação dos cristãos tem se tornado mais difícil a cada dia no Nepal por causa dos radicais influenciados por grupos da Índia. Apenas este ano, 11 cristãos foram presos, Bíblias foram incendiadas no distrito de Sarlahi, pastores têm sido atacados e muitos outros foram assediados em público por causa da fé em Jesus.
*Nomes alterados por segurança.
Pedido de oração
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