Governo quer acabar com escolas religiosas

Medida gerou prisão de opositores e protestos de alunos

Portas Abertas • 8 nov 2017


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Em setembro, o governo da Eritreia comunicou que todas as escolas deveriam se tornar públicas ou comunitárias. Ou seja, algumas escolas deixariam de ser católicas, por exemplo, e os alunos seriam proibidos de usar símbolos religiosos, como a cruz, ou o véu, no caso de meninas muçulmanas. Uma fonte local disse à Portas Abertas que o governo afirma que o objetivo da medida é prevenir conflitos inter-religiosos.

Um dos colégios que recebeu a notificação foi a escola católica secundária em Asmara, capital do país. Na notificação, datada de 18 de setembro, o secretário de educação ordena o fechamento da escola e exige que uma lista com os nomes de todos os alunos seja entregue ao departamento regional de educação. O secretário citou uma declaração de 1995, segundo a qual todas as atividades sociais devem ser controladas pelo governo e a responsabilidade da igreja se restringe a cuidar das necessidades espirituais de seus membros. Quando a igreja católica se recusou a adotar a medida, o governo fechou a escola e prendeu uma freira e um padre.

Após o anúncio do governo, uma reconhecida escola particular em Asmara pediu um tempo para consultar toda a comunidade da escola. No dia 15 de outubro, o presidente honorário da escola, Haji Musa Mohamed Nur, fez um discurso apaixonado que foi assistido por milhares de pessoas, que expressavam sua rejeição à proposta. Ele foi detido alguns dias depois e, junto com outros, posto em custódia.

Protestos
Segundo uma organização de direitos humanos, no último dia 31 de outubro, cerca de cem alunos foram às ruas protestar e pedir a libertação de Haji Musa e dos outros. Ao se deparar com oficiais de segurança armados, os manifestantes jogaram pedras, ao que a polícia reagiu com tiros. De acordo com um site de notícias do país, a situação foi controlada no fim do dia, mas policiais à paisana continuaram patrulhando as ruas. Algumas pessoas que haviam sido presas foram liberadas, mas alguns foram maltratados para fornecer informações. Em meio a tudo isso, a escola foi reaberta.

Protestos são raros na Eritreia, por ser um dos países com regime mais repressivo do mundo. Também não há mídia independente e não há estatísticas oficiais confiáveis sobre religião, mas estima-se que metade do país seja cristã e a outra metade, muçulmana. A Eritreia ocupa a 10a posição na Lista Mundial da Perseguição de 2017, e em maio uma nova onda de prisões elevou o número de cristãos evangélicos presos a mais de 200. Cristãos evangélicos e pentecostais são os mais ameaçados, embora o patriarca da igreja ortodoxa, Abune Antonios, esteja em prisão domiciliar desde 2007.

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