Portas Abertas • 15 jan 2004
Amer* e George* são dois jovens palestinos. Amer é casado e tem um filho recém-nascido. George é solteiro.
Eles são cristãos ativos e há alguns meses eles distribuem cupons de alimentação nos territórios da Palestina.
Abaixo você verá relatos desses corajosos irmãos, que nós gostaríamos que fossem lembrados em suas orações.
George: Nós distribuímos cupons para famílias nos territórios palestinos. Eles estão sem emprego há pelo menos dois anos. As autoridades não permitem que os palestinos usem as estradas principais para seus vilarejos; nenhum carro pode entrar ou sair e as pessoas não podem ir para seus empregos. Por isso a situação é de fato ruim. As famílias daqui não podem gastar mais do que um dólar por dia. E quando eu falo uma família, falo de pelo menos dez pessoas.
Temos conosco alguns livretos contendo palavras encorajadoras da Bíblia. Nós passamos algum tempo com cada família. Explicamos que o dinheiro que nós doamos vem de cristãos que oram por eles. Dizemos: Seja o que for que as pessoas pensem de vocês, Deus ainda se preocupa com as suas vidas. Anotamos os números de telefones das pessoas que encontramos para podermos entrar em contato com elas e saber como estão passando depois. Nosso trabalho é também sobre a construção de relacionamentos para o futuro.
Amer: Dois dias atrás nós conhecemos uma irmã, cujo filho foi morto faz um ano. Tentamos consolá-la dizendo-lhe que éramos irmãos em Cristo e que queríamos ajudá-la com um pouco de dinheiro. De repente ela começou a chorar. Dissemos que estamos orando por ela e que o seu filho deve estar no céu, nas mãos de Deus.
Dependendo da situação, conversar é melhor do que dar cupons. Oramos para que o Espírito Santo nos oriente ao falar com esse povo sofrido.
George: Hoje nós gostaríamos de visitar uma cidade na Cisjordânia. Desde ontem estamos dando telefonemas pedindo autorização, mas ainda não conseguimos. Na última vez em que fomos a essa cidade, estávamos com dois carros. Eles pararam um deles, mas o outro entrou. Entretanto, a polícia seguiu o carro que entrou e o mandou de volta.
Outra vez, quando estávamos lá para distribuir cupons, o vilarejo foi repentinamente cercado por tanques. Tentamos sair de lá por bastante tempo. No auge da preocupação, fomos aos soldados israelenses e lhes dissemos: Nós não temos lugar para ficar aqui. Por favor, levem-nos para a sua prisão. Eles ficaram tão admirados que nos deixaram passar.
Às vezes nós não podemos ir para um vilarejo pela estrada, e assim vamos pelos campos. Em alguns momentos demoramos mais de meia hora até alguns vilarejos, onde normalmente levaríamos cinco minutos para chegar. Quase sempre chegamos todos cobertos de pó e ficamos com medo de que a polícia nos prenda.
Estávamos recentemente numa cidade quando começou a chover forte. Não podíamos sair de lá pela mesma estrada lamacenta por onde tínhamos ido, por isso precisamos pegar a estrada principal. Os soldados queriam saber como havíamos entrado. Eu não podia mentir, então eu disse a eles: Nós saltamos dentro dela.
Amer: Se os soldados ou colonos nos vissem nessas estradas principais, poderiam ter atirado em nós. Algumas vezes nós oramos e tomamos aquelas estradas mesmo assim. Nós precisamos fazer esse sacrifício para chegarmos aos lugares aonde queremos ir. Existem muitos vilarejos sob o cessar-fogo e mesmo assim conseguimos entrar. Porque a nossa placa é amarela, eles pensam que somos israelenses e nos deixam passar.
George: Nós visitamos um vilarejo que é habitado por muçulmanos. Alguns deles tinham tornado-se cristãos, porque pensavam que isso lhes daria uma boa vida e porque sentiam simpatia pelo cristianismo. Nós explicamos que ser cristão significa que Jesus vive em nós e que nós cremos em Jesus na vida diária. A distribuição de cupons nos possibilita falar-lhes e ensinar-lhes como ser uma bênção dentro do vilarejo.
Amer: Quando voltávamos daquele vilarejo, o nosso carro quebrou e eu tive de parar para consertá-lo. De repente, havia um colono atrás de mim, apontando o seu revólver e gritando: Siga, siga. Não tínhamos absolutamente permissão para trafegar na estrada em que estávamos; ela é reservada aos colonos. Qualquer árabe que estiver nesse tipo de estrada é considerado terrorista. Se fôssemos mortos, ninguém se incomodaria.
George: As pessoas estão prontas para nos ouvir se percebem que não somos extremados. Mas não podemos fazer isso diretamente. É necessário construir um relacionamento.
Por favor, ore para que o Senhor nos mostre como falar às pessoas e como ser uma luz para o povo que nunca ouviu nada sobre Jesus. Ore para que Deus nos guie até as pessoas que querem conhecê-LO.
Gostaríamos de iniciar estudos bíblicos nesses vilarejos, já que construímos relacionamentos de confiança ali. Nós sempre dizemos às pessoas que aqueles cupons não são nada e que depois de um tempo eles são gastos, ao contrário da Palavra de Deus, que permanece para sempre. Os cupons são apenas uma pequena ajuda para o corpo. A Bíblia diz que as coisas que se vêem são temporárias, mas as coisas que não se vêem são eternas. Ore para que Deus nos dê sabedoria e para que consigamos estabelecer células domésticas e igrejas lá.
Amer: E orem para que possa haver paz naquela região e para que não haja mais necessidade de cupons.
*Pseudônimos
Pontos de oração
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