Uma longa jornada até o reencontro

Portas Abertas • 15 fev 2006


Em nosso serviço aos cristãos perseguidos, entramos em contato com muitos irmãos que testemunham todo tipo de milagres em sua caminhada com Cristo. O texto que você vai ler a seguir baseia-se em fatos reais da vida de Susan, uma cristã sudanesa que participou de alguns treinamentos da Portas Abertas e nos contou um belo testemunho de fé e livramento, que inspirou Cassia Carrenho a escrever esta narrativa:

Susan chegou assustada em sua casa e correu para abraçar seus quatro filhos. Queria ter certeza que estavam bem e eles a olhavam sem entender sua preocupação.

Susan acabara de saber, por um vizinho, que o Exército de Resistência do Senhor (LRA, sigla em inglês), um grupo de rebeldes conhecido por sua violência, ameaçara invadir a região em que morava. Ela já tinha ouvido falar das atrocidades que esse grupo fez em Uganda e no Sudeste do Sudão.

Apesar de serem apenas rumores, Susan e seu marido, o pastor John, conversaram sobre o que eles deveriam fazer. Não queriam sair de onde estavam, mas não queriam colocar a vida de seus filhos em perigo. Naquela noite, eles tomaram uma difícil decisão. Se o grupo rebelde chegasse, Susan deveria pegar as crianças e correr. Não deveriam esperar por John, caso ele estivesse pregando em algum outro lugar.

Apenas uma mês após os rumores, o grupo chegou devastando tudo e todos que encontrava pelo caminho. Susan primeiro percebeu um movimento estranho. Alguns gritos e choros, e, de repente, viu muita gente correndo.

Susan lembrou-se do que tinha combinado com o marido, pegou o bebê de apenas 11 meses e saiu correndo tentando achar os outros 3 filhos que brincavam nas redondezas. Ela corria os olhos tentando achar os rostos conhecidos, mas havia muita gente correndo e gritando.

Susan já estava desesperada e não sabia o que fazer quando sentiu um toque no seu ombro. Virou-se, amedrontada, pensando que os rebeldes haviam chegado à sua casa, mas encontrou o rosto de sua amiga Rose, grávida de 7 meses, acompanhada dos três filhos de Susan.

Susan e Rose não trocaram nenhuma palavra. Olharam-se, pegaram as mãos das crianças e correram em direção às montanhas. Até hoje Susan não sabe onde conseguiram encontrar forças para correr tanto. Rose, apesar de grávida, teve força para ajudar Susan com as crianças.

Susan e Rose chegaram às montanhas e com elas mais um pequeno grupo de sobreviventes. Apenas eles sobreviveram ao massacre. Na correria, ninguém levou comida, água ou roupa. E ninguém tinha coragem nem de se mexer, com medo de que o grupo rebelde estivesse por perto.

A única coisa que Susan conseguiu fazer foi orar. Durante os três dias que passou ali, Susan lembra-se apenas de ter orado o tempo todo. As crianças choravam de fome e ela sabia que se ficassem mais tempo sem comer, poderiam morrer. Susan e Rose novamente redobraram suas forças e começaram mais uma caminhada. Elas não poderiam voltar para suas casas e resolveram tentar chegar numa outra vila.

Foram mais quatro dias, praticamente sem comida e com um pouco de água que achavam no caminho. Milagrosamente, apesar de cansadas, as crianças estavam bem. Rose, grávida, também não tinha tido nenhum problema, mas também estava preocupada com seu marido. E Susan orava. Principalmente por seu marido. Ela sabia que ele deveria estar desesperado, sem nenhuma notícia!

No quarto dia eles chegaram a uma vila onde havia uma igreja que servia como alojamento para refugiados. Lá puderam comer e descansar um pouco mais. Apesar de sentir-se mais segura, o espírito de Susan estava cansado e desejando profundamente reencontrar seu marido.

John estava na casa de alguns amigos, numa cidade distante 1 dia de viagem da sua casa, quando um menino assustado entrou na tenda onde ele estava. O menino, sem rodeios disse: John, o grupo rebelde massacrou sua vila.

Passaram-se alguns minutos até que John levantou-se, e sem dizer nada, começou a caminhar em direção à sua vila. Alguns homens tentaram falar com ele, dizendo que seria perigoso ir até lá, mas John simplesmente andava... O máximo que conseguiram foi entregar uma sacola com roupas e um pouco de comida.

A mente de John projetava os rostos dos seus quatro filhos e de sua amada Susan. Ele começou a se questionar se Susan tinha tido tempo de fugir como tinham combinado... Mas a dor era tão grande ao imaginar que alguma coisa tivesse acontecido com sua família, que ele bloqueou esses pensamentos.

John andou durante um dia todo até avistar de longe uma cena de horror. Fumaça saía do que restava das cabanas e casas. Silhuetas de corpos eram vistos de longe. Ao chegar na vila, John começou a chorar. Sua casa não existia mais - restavam apenas cinzas.

Algumas pessoas que não estavam na vila na hora do massacre e alguns sobreviventes que se esconderam nas montanhas haviam voltado, e era possível ouvir choro por toda parte.

De longe, John avistou uma figura conhecida, James. Ele começou a correr e quando chegou perto só conseguia perguntar se ele sabia de Susan, se ela estava bem, se as crianças tinham sobrevivido.
James também tinha uma expressão de pesar e contou que não estava na vila. Quando voltou, horas depois, teve que se esconder, e só no outro dia saiu do esconderijo. Não tinha encontrado sua esposa, Rose, e também não tinha visto Susan e as crianças.

John lembrou-se que se Susan tivesse conseguido fugir, ela teria ido para as montanhas. Desesperado, parava todas as pessoas para perguntar do paradeiro de sua família.
Cada não que ouvia, entrava fundo como uma apunhalada. James e John pareciam dois loucos correndo por toda a vila, até que finalmente um senhor reconheceu John e o avisou que Susan e Rose haviam fugido e tinham saído das montanhas em direção a outra vila.

James e John sentiram uma esperança que deu forças para que eles repetissem a caminhada que suas mulheres fizeram anteriormente. Após 4 dias, John pode finalmente abraçar sua esposa e sua família. James pode beijar sua esposa e comemorar o fato de que nada havia acontecido com o bebê.

Após participarem dos treinamentos de Portas Abertas, tanto teológico como de capacitação profissional, John e Susan querem um dia voltar para sua vila, apesar dos rumores que o grupo rebelde continua por perto. Susan pede que oremos pela saúde e segurança de seus filhos e pela educação, já que não há escola onde eles estão atualmente.

Sobre nós

A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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