Portas Abertas • 27 fev 2006
Ser luz e sal em regiões da Palestina é um grande desafio para nossos irmãos e irmãs. Portanto, somos agradecidos por sermos capazes de apoiar um dos professores da Faculdade de Bíblica de Belém por intermédio da generosidade de nossos parceiros. Dr. Raed Abdul Masih gostaria de compartilhar um pouco de sua vida conosco.
"Viver na Terra Santa é, ao mesmo tempo, um privilégio e um desafio. É um privilégio viver na terra onde Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou. É um desafio ser uma testemunha do Senhor para muçulmanos e judeus. Nenhuma dessas religiões "monoteístas" se relaciona com os cristãos locais de maneira positiva e respeitosa. Nossas experiências (ao longo de muitos anos) com os vizinhos muçulmanos na área de Ramallah, assim como nossas experiências com o sistema político israelense, é uma cruz a ser carregada todos os dias.
Meus pais, assim como meus avós, tinham esperança de que esse conflito político pudesse ter um fim, de que nossa terra perdida em 1948, nas guerras de 1967, pudesse ser recuperada, de que a vida pudesse ser mais estável e de que as pessoas pudessem ser tratadas com mais dignidade. Mais tarde, minhas esperanças, já como homem feito, ecoaram as deles. Agora, à medida que envelheço e tenho minha própria família, passo essas esperanças para meu filho, embora eu ainda não vislumbre uma solução para esse conflito.
Desde que acabei meus estudos, voltei a lecionar na Faculdade Bíblica de Belém. A vida em família, depara-se com os tempos difíceis em que temos de lidar com a situação e o sistema desse país. A situação econômica, em muitos aspectos, está ligada à política. Sendo uma pessoa de Jerusalém, o sistema apresentou vários obstáculos para providenciar os documentos de nossa família. Renovar nosso visto foi difícil.
Após alguns anos nesta luta (dentre outras), o conflito ficou mais sofisticado, com tiroteios e bombas aqui e ali. Ir trabalhar para cumprir o chamado do ministério educacional tornou-se um risco de vida. Levo quatro horas para ir e voltar do trabalho, isto é, para percorrer uma distância de 25 quilômetros. Até em nossa própria casa, testemunhamos "invasões" militares e tiroteios. Podemos dizer que vivíamos e ainda vivemos a "via dolorosa" todos os dias. Mas Deus sempre é fiel. E nós mantemos a esperança. Por Sua graça, estamos dispostos a carregar a cruz e continuar nosso chamado no ministério. Ainda temos esperança de treinar futuros líderes para o futuro que virá. Eu posso afirmar o mesmo que Paulo disse: "Quem nos separará do amor de Cristo?..." (Rm 8.35-39).
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