Portas Abertas • 23 abr 2019
Correligionários do BJP fazem campanha em massa nas ruas. Cristãos temem que atual partido no poder continue a governar
Desde 11 de abril, a Índia está no longo processo eleitoral, que vai até 19 de maio. Com cerca de 900 milhões de eleitores, será o maior pleito que o mundo já viu, atingindo 12% da população mundial. Cerca de um milhão de pontos de votação são instalados para cobrir os 29 estados e sete territórios da União. Em alguns estados, a eleição se dará por etapas.
O resultado dessas eleições é muito importante para a igreja. Há a possibilidade de o atual partido no poder, BJP, continuar sendo maioria no parlamento ou se tornar ainda maior do que o limite de poder alcançado até agora. Se isso acontecer, o sistema democrático do país mudaria e novas políticas administrativas poderiam confinar as minorias. Esse é o cenário mais desfavorável para os cristãos, pois leis anticonversão seriam adotadas em mais estados. Com isso, mais cristãos, assim como igrejas e instituições cristãs, seriam monitorados e atacados.
Apesar de não haver exemplos de cristãos atacados em eleições anteriores, as eleições podem causar problemas para os cristãos de outras formas. O irmão Samuel*, parceiro da Portas Abertas na Índia, diz: “Muitos slogans anticristãos e discurso de ódio contra cristãos são publicados durante o tempo de campanha.
Recentemente, um grupo levou 26 nomes de pessoas de uma organização cristã à autoridade local, dizendo que essa organização estava recebendo financiamento do exterior e usando-o para fazer campanha contra o BJP. Esse tipo de acusação está sendo feita durante o pleito eleitoral”.
Embora os cristãos tenham liberdade para votar, algumas vezes o nome do eleitor é cortado da lista por ser um nome cristão. “Algumas vezes, seu nome aparece na lista de eleitores, mas quando você vai votar, descobre que seu voto já foi dado. Mas quem votou no seu lugar? Ninguém sabe”, conta o irmão Samuel.
Em 2018, houve 775 incidentes contra cristãos na Índia, o que significa perseguição religiosa a 50.819 cidadãos indianos. Desses, 19.014 são homens, 18.947 são mulheres e 12.858 são crianças. A Índia ocupa a 10ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2019, colocação que subiu durante os cinco anos do governo do primeiro-ministro Narendra Modi, do BJP.
*Nomes alterados por segurança.
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