Portas Abertas • 13 dez 2017
Jovial Balanta* é um líder cristão indígena de 24 anos nas montanhas da Colômbia. Ele foi chamado perante as autoridades de sua comunidade para responder às acusações de que estava espalhando o cristianismo, e assim, buscando o extermínio da cultura Owani. Ao rejeitar as práticas espirituais de seu povo, Jovial é visto como alguém que violou tudo o que é sagrado para eles. As penas para tal atitude são: privação de liberdade, afastamento da família, tortura física e confinamento.
Em agosto, junto com a esposa Antônia* (28), a filhinha de um ano e um tradutor da Bíblia, Mario* (19), Jovial foi obrigado a participar de um julgamento pelas autoridades de seu povo. No julgamento, os líderes Owani afirmaram que a cultura deve ser protegida da ameaça do cristianismo. Em sua defesa, Jovial explicou como Deus quer redimir todas as culturas e que elas são aceitas com amor por ele. Mas foi ridicularizado e insultado. “Para eles, toda espiritualidade que não seja a indígena está errada e deve ser erradicada”, explica o líder cristão.
Depois de muitas horas de debate durante o julgamento, os líderes tribais decidiram que os acusados deveriam ser privados de liberdade até que concordassem em se reconciliar com a cultura indígena. Teriam até mesmo que consagrar a filha aos espíritos ancestrais. Jovial e a esposa se recusaram, dizendo que se a liberdade dependesse de negar a fé em Jesus, eles seriam presos de bom grado. O propósito desse tipo de punição é pressionar a família através das péssimas condições as quais são submetidos.
Entre 2016 e 2017, a perseguição aos cristãos na Colômbia fez quase 10 mil vítimas de violência, segundo o departamento de pesquisa da Portas Abertas no país. As ações violentas vão desde privação de liberdade, passando por expropriação e tortura, até a morte. O governo não tem se manifestado diante dessa situação.
Bebê adoece na prisão
As péssimas condições da prisão tiveram consequências para a saúde dos três cristãos, mas principalmente para a bebê, que ficou com subnutrição, ou seja, a ingestão de alimentos ingerida por criança era menor do que a necessária. Depois de dois meses presos, eles conseguiram permissão para levar a criança para o hospital. Ela ficou duas semanas internada e precisou de cuidados especiais por mais um mês. Durante esse tempo, eles conseguiram licença para ficar com ela, somente até ela se recuperar totalmente. Agora eles estão nesse período, cuidando da filha. A família recebe ajuda da Portas Abertas através de assistência psicológica, mobilização de oração, e do desenvolvimento de um plano de recuperação e assistência.
As autoridades tribais o contataram recentemente ordenando que voltasse à comunidade o mais rápido possível. Com a fé e coragem de alguém que conhece a Deus desde pequeno, Jovial diz que se fugisse do julgamento, estaria assumindo que está errado e que sua família é culpada. “Eu acredito que esta seja uma ótima oportunidade de abrir portas para o diálogo com comunidades que rejeitam os cristãos. Através do nosso testemunho, podemos mostrar a eles o Deus em quem cremos. Se eu fugisse, esta situação poderia se repetir por gerações”, diz o cristão.
Jovial foi pioneiro no desenvolvimento de projetos que integram a comunidade cristã indígena com a realidade social de sua região. Entre seus projetos, um dos mais admiráveis é a “Casa Owani”, um espaço onde a identidade indígena é construída e compartilhada através de diálogo, arte e Bíblia. “A Casa Owani é um lugar onde ensinamos a Bíblia e a traduzimos para nossa língua. É aberta para todas as idades e também para não-cristãos”. A Portas Abertas financia esse projeto, que é administrado por onze pessoas.
Pedidos de oração
Leia também
Cristãos são perseguidos pelas guerrilhas
© 2024 Todos os direitos reservados