Portas Abertas • 7 out 2020
Antes do fechamento das igrejas na Argélia, o número de pessoas que frequentavam os cultos era crescente e preocupava as autoridades
Em agosto de 2020, mais três igrejas foram fechadas por um tribunal administrativo na Argélia. A Portas Abertas noticiou o fechamento de diversas igrejas pelo governo em 2019. A ação de lacrar os templos cristãos é resultado de uma portaria que obriga os locais de adoração não muçulmanos a terem uma autorização prévia para funcionamento. Na prática, as autorizações não são emitidas, porque o comitê responsável não se reúne. Apesar disso, mais seis outras comunidades cristãs estão esperando a resposta das autoridades para regularizar o funcionamento.
O governo argelino também continua recusando o pedido de renovação do registro da Associação das Igrejas Protestantes da Argélia (EPA, da sigla em francês). O fato é contraditório às promessas governamentais de aprovar uma nova Constituição que respeite mais os Direitos Humanos. “O problema não é mudar a Constituição, mas é mudar a mentalidade daqueles que governam nosso país”, explica o pastor Salah Chalah, presidente da EPA.
O impacto da nova Constituição para as igrejas
Segundo o líder cristão, o trecho da nova Constituição que prevê a liberdade de crença é bem semelhante ao documento anterior. Mas não altera a lei que obriga os locais de adoração não muçulmanos a terem uma licença especial para funcionamento. “Sabemos que esta lei é repressiva e está destruindo a liberdade. Até que a portaria de 2006 seja revogada, o problema permanecerá como está, e os cristãos ainda sofrerão injustiças e serão prejudicados nos direitos fundamentais e principalmente no de adorar pacificamente”, acrescenta o pastor Chalah.
Apesar da nova Constituição prometer seguir os acordos internacionais sobre os Direitos Humanos, os efeitos sobre as igrejas cristãs podem não ser positivos. “Em nosso país, tudo depende de quem tem o poder de fazer cumprir a lei. Nossa situação permanecerá como está, a comunidade cristã argelina sempre será perseguida. A lei de 2006 deve ser revogada e, se não, alterada”, conclui o presidente da EPA.
A COVID-19 e o crescimento das igrejas
No ano passado, mais de 15 igrejas foram fechadas na Argélia, 13 delas ainda continuam proibidas de funcionar. Se a decisão das autoridades já prejudicava a reunião dos cristãos, a pandemia dificultou ainda mais os encontros. Porém, as redes sociais estão sendo usadas como ferramenta de fortalecimento. “O que vejo de positivo é a consciência entre os fiéis da importância de uma comunhão efetiva. Isso os motiva a orar e jejuar mais”, testemunha o líder cristão.
O pastor Chalah não acredita que a crise da COVID-19 tenha prejudicado o crescimento das igrejas na Argélia, ele reconhece que a obra é de Deus. “Isso pode ser visto nos contatos que temos nas redes sociais. Muitas pessoas procuram saber e ouvir mais sobre o evangelho. Gostaria de lembrar o que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nos diz em sua palavra: ‘Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’”, finaliza.
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