Portas Abertas • 20 jun 2021
Atualmente, cerca de 700 crianças refugiadas sírias recebem educação em projeto oferecido pela igreja do pastor Jihad no Líbano
Hoje, 20 de junho, é o Dia Mundial do Refugiado. Como explicamos no artigo de ontem, refugiados são aqueles que estão fora de seu país natal por conta do medo da perseguição relacionada a conflitos armados, questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a grupo social ou opinião política, bem como violação grave e generalizada de direitos humanos. Um exemplo claro disso, são os cristãos que deixaram a Síria rumo ao Líbano nos últimos dez anos por causa da guerra.
Uma das parceiras da Portas Abertas no Líbano é a Igreja Videira Verdadeira. Ela construiu dois centros comunitários com escolas próximos a acampamentos informais, como são chamados oficialmente no país. Todos os refugiados no campo visitado são da cidade de Idlib, na Síria. “Nossas casas estão destruídas, afinal a cidade está na linha de frente”, conta uma mulher que vive há cinco anos no local.
O pastor Jihad coordena projetos oferecidos a refugiados que fugiram de seu país devido aos dez anos de guerra na Síria
Jihad, de 53 anos, é pastor da Igreja Videira Verdadeira e explica como tudo começou. Em 2012, eles iniciaram a construção de seu próprio prédio. A guerra na Síria tinha apenas começado e, com os combates se espalhando pelo país vizinho, refugiados sírios começavam a encher o Líbano. Com a fronteira a apenas 15 minutos de carro, o Vale de Bekaa, no Líbano, recebeu cerca de 700 mil refugiados.
Com pouco mais de 50 membros na época, membros da equipe da igreja ficaram de coração partido com a situação dos refugiados. “Então nós oramos. Poucos dias depois, recebemos a primeira doação e começamos a ajudar 100 famílias. O número cresceu para quase cinco mil. Sempre quisemos ajudar as pessoas de forma física e espiritual”, explica o pastor.
Ao ver Jihad interagindo com os sírios, é quase impossível imaginar que isso era completamente diferente no passado. “Nós fomos ensinados que os sírios eram nossos inimigos. Por isso, cresci com ódio deles e de pessoas com outra religião. Mas depois, Deus mudou minha mente.” No começo, a vizinhança se opôs ao trabalho da igreja com refugiados. “Fomos criticados severamente por ajudar os sírios. A comunidade se virou contra nós. Mas dissemos ‘ou investimos neles ou o Estado Islâmico o fará’.” Então, a igreja começou a auxiliá-los com comida e outros itens essenciais. Além disso, observaram as necessidades das crianças sírias.
As escolas libanesas não conseguiram suprir a demanda da quantidade de crianças refugiadas, sendo necessários projetos como o do pastor Jihad
“Embora as escolas libanesas passassem a ter períodos extras para oferecer educação a crianças refugiadas sírias, elas eram muitas. Então muitas permaneciam sem educação”, o pastor disse. Para essas, a igreja começou uma escola informal no porão de seu prédio que depois passaram para os centros comunitários em dois campos, com diversas salas de aula em cada um.
“Nós começamos com cerca de 130 crianças nas salas de aulas da nossa igreja. Agora, temos cerca de 700 crianças. Quando saem de nossas escolas, ao chegarem na quinta série, falam inglês fluentemente. Para onde quer que forem no mundo, podem entrar facilmente em uma escola”, explica o pastor.
De acordo com Jihad, crianças refugiadas que não vão à escola estão vulneráveis a se tornarem extremistas ou cairem em todo tipo de vício. “Parte meu coração saber que ainda há milhares de crianças sem ir para a escola. Trabalhamos duro dia e noite para ajudá-las. Além disso, temos também aulas de alfabetização e organizamos acampamentos com atividades esportivas e histórias da Bíblia.”
Além disso, o pastor explica como ir à escola faz diferença. “Em apenas um mês, as crianças ficam praticamente irreconhecíveis. Diversos pais afirmam que fazemos os filhos deles esquecerem a guerra. Muitas crianças viram pessoas sendo mortas, outras perderam toda a família, algumas perderam os pais e outros parentes. Quando chegam estão traumatizados. Nós temos psicólogos e há classes para crianças com necessidades especiais. Trabalhamos com cada criança individualmente, as ajudando a sair da difícil situação em que estão”.
As escolas incluem ainda tempo de culto diário para todas as crianças. Os pais, que são principalmente não cristãos, sabem sobre isso. “Todos os dias elas cantam músicas e ouvem histórias. É maravilhoso olhar para elas e ver como estão felizes.”
Um dos membros da equipe da igreja do pastor Jihad organiza as caixas com suprimentos para refugiados sírios
E esse é apenas um campo, com centenas de refugiados. Há milhares desses no Líbano. “Quando começamos, oito anos atrás, nunca esperamos que o trabalho durasse tanto. A guerra completou dez anos e a maioria dos refugiados continua aqui no Líbano. E ainda há novos refugiados vindo. A crise síria ainda está aí e a maioria deles não pode voltar para casa. Nós estamos sobrecarregados e aprendemos que não podemos salvar o mundo todo. Mas fazemos uma grande diferença na vida de indivíduos e famílias, milhares deles. Somos fiéis com os recursos e limites que Deus nos dá.”
O pastor conclui contando sua visão para o futuro. “Desde que começamos, nossa visão e oração é ganhar de volta o Oriente Médio para Cristo. Deus já nos usou nas vidas de centenas e milhares de pessoas. Nós queremos preparar líderes para servir ao Senhor quando voltarem para seu país.”
Assim como o trabalho desenvolvido pelo pastor Jihad, a Portas Abertas apoia muitos outros projetos destinados a cristãos refugiados. Um deles é destinado a cristãos norte-coreanos que fugiram de seu país e estão refugiados na China. Ao fazer uma doação, você permite que um cristão receba alimentos, roupas e medicamentos. Faça a diferença e doe!
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