Portas Abertas • 28 jul 2004
O governo federal canadense disse à Sociedade Bíblica para por fim a sua oferta do Novo Testamento, que já se prolonga há meio século com esse costume, para novos canadenses na cerimônia de cidadania,pois agindo de tal maneira é inconsistente com a promoção do país ao multiculturalismo.
A Cidadania e Imigração do Canadá, disse que recebeu reclamações de participantes que sentiram que as escrituras sagradas estavam sendo impostas a eles, acusação esta que a sociedade nega.
"Eles dizem que se trata de liberdade de religião, mas o governo está, na verdade, podando a liberdade", disse o Reverendo Phylis Nesbitt, diretor nacional da Sociedade Bíblica.
Essa organização bicentenária, e interdenominacional, irá recorrer dessa ordem vinda de Ottawa, que impede de tal costume.
A Sociedade já distribuiu cerca de 60 mil pequenas Bíblias por ano. A prática começou quando voluntários da organização trouxeram livros às docas, dando boas vindas aos imigrantes que desembarcavam no Píer 21 de Halifax, na década de cinqüenta.
Nesbitt disse que recebeu uma carta no mês passado do Michael Simard, juiz de cidadania, dizendo que o Canadá é uma nação multicultural em que a liberdade de religião é garantida sob o Código de Direitos e Liberdades, e que permitir um tipo de livro sagrado disponibilizado à cerimônia de cidadãos, vai contra essa mensagem.
Escrituras Devem ser Solicitadas.
Desde o ano de 1998, Ottawa proibiu a Sociedade Bíblica Canadense de se misturar na cerimônia. Os voluntários eram capazes de fazerem apresentações durante a cerimônia e andar pela multidão distribuindo livros, mas debaixo de um acordo formal com o governo, a Sociedade acordou que as Bíblias somente seriam presenteadas se solicitadas.
"A distribuição das escrituras foi encerrada, pois o governo não poderia garantir a todas as crenças dos grupos presentes que essa literatura fosse oferecida aos 150 mil imigrantes, e seus convidados, que fizeram juramento de cidadania a cada ano", disse um porta-voz para a Cidadania e Imigração do Canadá.
"A cerimônia de cidadania não é um evento para promover uma religião específica", disse Maria Idinardi. "Levando em consideração toda a rivalidade no mundo, queremos garantir que nossas cerimônias sejam inclusivas o mais possível".
Ela ainda disse que o departamento federal não pode ser visto como apoiador de uma religião ou outra. "Diferentemente de outros paises, nosso juramento não faz com que as pessoas prestem submissão a um deus".
Os participantes afirmavam que o juramento era feito com a mão direita a Bíblia, mas essa prática foi abandonada há alguns anos. Atualmente, eles podem tanto para erguer a mão quanto para trazer um livro sagrado.
Nesbitt disse que sua organização não deveria ser excluída, pois é a única que comparece às cerimônias. "Qualquer crença tinha a liberdade de participar", continuou ela.
Muçulmanos preferem o Corão.
Uma organização muçulmana compareceu em várias cerimônias distribuindo cópias do Corão. "Eu não sei dizer quando que eles pararam de vir". "Eles tinham o direito caso quisessem, da mesma forma que nós", disse Nesbitt.
Eram entregues de trinta a quarenta Bíblias nos eventos de Halifax e cerca de dois terços deles seriam levados.
Nesbitt disse que não está a procura de uma disputa pública com o governo e irá seguir as ordens federais depois que o processo de recorrência for executado.
Ela aconselhou os voluntários da organização e os doadores a escreverem cartas aos primeiros ministros pedindo a eles para fazerem um lobby a Judy Soro, Ministra da Cidadania e Imigração, para mudar a posição do governo, bem como distribuir Bíblias aos novos cidadãos de outros países.
E desde que o governo disse que não haveria mais distribuição de Bíblias nas cerimônias, sua organização passou a receber mais pedidos para as escrituras de estudantes. "Queremos Bíblias para presentear as pessoas, aconteça o que acontecer", disse o reverendo Nesbitt.
"Existem mais maneiras de presentear com Bíblias do que somente em cerimônias de cidadania".
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