Esposa do missionário martirizado conta seus planos para o futuro

Portas Abertas • 19 ago 2004


Para a maioria ela é um anjo. Para muitos, um mistério. Com que freqüência você encontra uma mulher que perdoa os assassinos do seu esposo e filhos?
 
Gladys Staines, de 53 anos, é a esposa de Graham Staines, um missionário batista australiano que trabalhou por trinta anos entre os leprosos no nordeste do estado de Orissa, na Índia.
 
Em janeiro de 1999, Graham Staines e seus dois filhos, Philip e Timothy, foram mortos queimados por um grupo de ativistas hinduístas. Graham e os dois garotos estavam dormindo em sua camionete no vilarejo de Manoharpur, no distrito de Keonjbar de Orissa quando foi ateado fogo no veículo.
 
Dara Singh, o principal instigador do ataque, foi finalmente condenado à morte por uma corte especial, em Bhubaneswar, em setembro de 2003.
 
Gladys Staines permaneceu na Índia. Ela declarou ter perdoado os assassinos e continuou seu ministério na colônia de leprosos. Contudo, deixou a Índia no mês passado com sua filha Ester, de 13 anos, declarando sua necessidade de descanso e revigoramento.
 
De volta à Austrália, a senhora Staines negou informações de que ela havia deixado a Índia para sempre. "Eu não vou para lugar nenhum. Eu quero continuar o trabalho que Graham estava fazendo", afirmou ela. "Esther estudará medicina na Austrália e, em breve, eu retornarei à Índia".
 
Antes de sair da Índia, a senhora Staines contou à Compass, em uma entrevista, "Eu estou partindo por razões pessoais. Preciso passar um tempo com minha filha Esther, a fim de preparar uma lar para ela na Austrália. Meu pai tem 91 anos e não está bem. Além disso, eu me sinto cansada e preciso de um tempo para descansar e refletir".
 
A família Staines chegou em 1981 na Índia como parte da equipe da missão OM (Operation Mobilization). Gladys era quase que simplesmente uma dona de casa até a morte de Graham. Entretanto, a partir desse momento, ela assumiu o trabalho da missão do seu esposo e continuou a trabalhar com muita coragem.
 
Após o falecimento de Graham, os cristãos têm enfrentado crescentes ataques na Índia, com o governo insistindo em uma agenda hindu nacionalista. Assim, "conversão" tem sido um assunto delicado e a igreja foi forçada a confrontar este tema.
 
A senhora Staines tem suas próprias respostas para este dilema. "Para mim o cristianismo não é uma religião. É fé pessoal. Ela é construída sobre seu relacionamento pessoal com Jesus Cristo. Em resumo, conversão forçada, nesse sentido, é impossível, já que você precisa da graça de Deus para mudar", afirmou ela.
 
Uma visita à senhora Staines na Colônia de Leprosos

Um amável paciente de lepra chamado de Tompu nos recebeu com um buquê de flores quando chegamos na Colônia de Lepra Mayurbanj, em Orissa. Tompu é sapateiro e tem feito sapatos para pacientes leprosos nos últimos 36 anos. Ele e outros cinqüenta leprosos fizeram da colônia seu próprio lar, graças aos esforços da família Staines.
 
Mais tarde, caminhamos ao redor do cemitério em que Graham Staines e seus dois filhos foram enterrados. O túmulo da família é separado por um muro branco alto e possui muitas flores e pequenas plantas. A senhora Staines apontou-nos para o grande túmulo de concreto e para os nomes dos seus amados inscritos lá.
 
"Algumas pessoas ganharam muito dinheiro com a morte de Graham", afirmou ela pensativa.  "Mas, eu creio que a maioria tem boas intenções".
 
A senhora Staines sofreu imensamente, mas crê que Deus está lhe curando enquanto auxilia a outros. "Graham freqüentemente falava sobre como Jesus curava os leprosos", afirmou ela. "Nós temos que trabalhar e mostrar que vale a pena morrer por Jesus. Nós temos que mostrar através das obras quais são os ensinamentos de Cristo. Atualmente, minha única missão é continuar o trabalho de Graham".
 
"Nos mudamos para um outro prédio. Fomos para um hospital com quarenta leitos, o qual foi construído como uma extensão da casa dos leprosos. Esta é a primeira fase do Hospital Referência de Lepra", explicou a senhora Staines. "O departamento para pacientes externos será aberto a todos os pacientes".
 
A senhora Staines, uma enfermeira treinada, desfruta do trabalho e tem planos para fundar uma outra clínica da Colônia de Lepra Mayurbanj. "O plano está pronto, mas a terra não tem documentos. Por isso, eu tenho que pressionar para conseguir os papéis que faltam".
 
"Graham poderia fazer muito mais coisas nesse sentido porque ele conhecia as normas governamentais e o modo como tudo funcionava por aqui. Para mim, isto é muito difícil. Freqüentemente, quando algumas decisões devem ser tomadas, eu digo, Eu tenho que perguntar ao Graham, e, repentinamente, eu percebo que nem ele, nem os meninos estão aqui".
 
Ela busca ajuda na sua fé e na sua filha Esther, de 13 anos, que disse a uma nação atordoada durante várias entrevistas em cadeias de televisão, estações de rádio e jornais que, "Deus achou que seria melhor levar o meu pai para casa". Perdão também ajudou Gladys Staines a libertar-se do passado.
 
"Eu acredito que perdão libera tanto a pessoa que perdoa como a que é perdoada. Eu perdoei aquelas pessoas que assassinaram minha família, contudo, eu ainda tenho que passar por uma cura completa. Eu sinto falta deles. Eu não posso simplesmente fazer minhas malas e partir. Eu não posso me ver fazendo qualquer outra coisa além de estar envolvida neste trabalho".
 
A senhora Staines passará algum tempo na Austrália refletindo sobre sua vida na Índia. "Talvez eu escreva um livro. Muitas coisas aconteceram nos últimos cinco anos, por isso, eu preciso tomar nota de todas essas coisas a fim de manter um registro fidedigno".
 
Enquanto a senhora Staines está fora, uma equipe de médicos de Tamil Nadu administrará a casa de leprosos.
 
Em uma manhã antes de sua partida, Gladys Staines e sua irmã mais jovem, Shirley Wheatherhead, assentaram-se próximas da janela na sala de estar da casa de Gladis. As duas irmãs estavam totalmente envolvidas com a leitura das Escrituras, sob uma luz sombria que entrava pela janela.
 
Com seus olhos fechados, Gladys Staines sentou-se buscando consolo no seu reservatório de fé e meditando no seu versículo preferido: "Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece".

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