Portas Abertas • 16 out 2004
- O mês de jejum do Ramadã começou nesta sexta-feira na maioria dos países muçulmanos, em meio à violência que prossegue no Iraque e à devastadora operação israelense na Faixa de Gaza.
O mês sagrado do Islã foi marcado pela Lua Nova da noite de quinta-feira, observada pelas autoridades religiosas. Da aurora ao pôr-do-sol, as pessoas que cumprem os preceitos do Ramadã não podem comer, beber, fumar ou manter relações sexuais.
Apesar de ser teoricamente um período de trégua, o Ramadã começou no Iraque com mais um atentado com carro-bomba na manhã desta sexta-feira, que causou um morto e 15 feridos, segundo fontes hospitalares, enquanto que a cidade de Fallujah era alvo de novas operações aéreas americanas.
Os sunitas iraquianos já estão jejuando, mas a Marjaiya, a máxima autoridade religiosa xiita do Iraque, pediu aos membros desta comunidade majoritária no país a começar o mês sagrado somente no sábado.
Na outra zona de conflito do Oriente Médio, os territórios palestinos iniciaram o Ramadã em meio à tristeza e ao luto, enquanto que a operação mortífera "Dias de Penitência", lançada pelo exército israelense na Faixa de Gaza, entrava no seu 18º dia.
No entanto, vários blindados que participavam da operação do exército israelense no setor de Jabaliya, norte da Faixa de Gaza, começaram a se retirar da região na noite desta sexta-feira, segundo testemunhas palestinas.
Os veículos estavam deixando os setores de Tel Al Zaatar e Cheij Zayed, confirmou a televisão pública israelense.
O primeiro-ministro Ariel Sharon havia dado autorização para esta retirada, segundo uma informação anterior da rádio pública israelense.
Dezenas de milhares de fiéis rezaram nesta sexta-feira na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém sob a alta vigilância da polícia israelense, enquanto que três palestinos morreram no norte da Faixa de Gaza. Com estas vítimas, são agora 127 palestinos mortos desde o início da operação israelense.
Confrontos foram registrados na manhã desta sexta-feira perto de um posto de controle militar em Belém, na Cisjordânia, depois de soldados terem impedido um grupo de fiéis de ir a Jerusalém.
Em Riad, as autoridades advertiram contra a aquisição de cupons para pagar as refeições das pessoas mais necessitadas, alegando que os fundos recolhidos desta forma poderiam ser utilizados para financiar ações terroristas. As doações devem ser entregues a organizações beneficentes autorizadas.
Como acontece a cada Ramadã, o ministério saudita do Interior avisou aos não muçulmanos que eles correm o risco de serem expulsos se comerem, beberem ou fumarem em público em pleno dia durante o mês sagrado.
O Afeganistão também iniciou o Ramadã, seis dias depois da primeira eleição presidencial de sua história.
Um grupo islamita até então desconhecido ameaçou em comunicado publicado nesta sexta-feira atacar as redes de televisão árabes que divulgarem um seriado sobre o Afeganistão e os talibãs, que algumas delas programaram para o Ramadã.
Na Nigéria e na Líbia, o mês sagrado foi iniciado na quinta-feira.
O fim do Ramadã está marcado para o 29º dia da Lua Nova.
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