Portas Abertas • 1 nov 2004
Por volta das 21h30 do dia 21 de outubro, atiradores atingiram e feriram Hans Sanipi, de 25 anos, guarda da Igreja Pentecostal Tabernáculo em Poso, Sulawesi Central. Hans estava falando com outras pessoas em frente à igreja quando dois homens em uma motocicleta passaram e atiraram ao acaso na multidão.
Cristãos e muçulmanos estão especulando porque a polícia ainda não encontrou os misteriosos "assassinos motoristas" que mataram pelo menos cinco cristãos e feriram outros 11 em abril de 2004.
Mona Saroinsong, coordenadora do CC-SAG, Centro de Crise em Sulawesi do Norte, apontou que em "quase todo canto da cidade de Poso, há um policial ou um posto militar. Por que a força de segurança não pôde encontrar os feitores?".
Um líder cristão, que preferiu não ser nomeado, comentou: "Pode ser que a polícia tenha alguns de seus próprios homens envolvidos, ou que eles tenham medo de lidar com o problema caso os militares estejam, de alguma forma, por trás de tudo isso. Eu não sei - continuamos no escuro".
Acusações do envolvimento da polícia e dos militares em conflitos sectários de Sulawesi e de Ambon foram espalhadas desde que os conflitos irromperam no final da década de 1990. Apesar dos acordos de paz assinados em dezembro de 2001 e em fevereiro de 2002, violências esporádicas continuam entre comunidades muçulmanas e cristãos nas ilhas de Sulawesi e Maluku.
No dia 24 de outubro, três dias depois que Hans Sanipi foi baleado, moradores encontraram o esconderijo de 123 bombas caseiras no cemitério muçulmano em Poso, segundo o Jakarta Post reportou. De acordo com o ABC Radio Australia, as bombas foram encontradas depois que escavadoras mecânicas limparam arbustos para aumentar o cemitério.
O chefe de polícia de Poso, Abdi Darma, disse que as bombas estavam recheadas com pedaços de projéteis, incluindo unhas e metais afiados. Nenhum comentário ou especulação foi feito para identificar aqueles que estocaram as armas.
No mesmo dia, uma ameaça de bomba foi feita contra o Banco Modern Express na vizinha ilha de Ambon.
Dois dias antes, cristãos encontraram uma maleta contendo quinze bombas caseiras no edifício Baileo Oikumene, ao lado da Igreja Protestante Maranata na cidade de Ambon. Uma reportagem feita pela Asia News afirmou que artifícios similares foram encontrados nas redondezas da Igreja Silo, a mais antiga igreja protestante da cidade, no dia 20 de outubro.
O Centro de Crise da Diocese Amboina reportou que as bombas eram simples artefatos com baixo potencial explosivo. De qualquer forma, os membros da igreja ficaram perturbados com o achado. Disputas sectárias nos últimos cinco anos tiraram milhares de vidas na ilha. A violência diminuiu um pouco em 2003, mas os moradores temem uma nova explosão que possa levar a mais matanças.
O comandante chefe de polícia, Aditya Warman, disse aos membros do Centro de Crise de Amboina que ele acreditava que certos indivíduos em Jacarta haviam contratado pessoas em Ambon para realizar essas ameaças terroristas, "esperando - por qualquer razão - por uma continuação dos conflitos em Maluku".
Enquanto isso, os membros da organização de jovens Muçulmanos de Tatura do Sul, em Palu, Sulawesi Central, iniciaram seu próprio ataque no dia 20 de outubro, atingindo fazendas de porcos dirigidas por cristãos.
As fazendas de porcos são uma afronta aos muçulmanos, que consideram o porco "impuro". Moradores muçulmanos haviam feito objeções junto ao governo local, e os fazendeiros foram ordenados ir para mais distante de áreas residenciais, mas as ordens foram ignoradas.
Jovens, carregando lanças, facões e varas de pau, atacaram vários currais e acusaram os fazendeiros de poluírem o rio Palu.
O Jakarta Post reportou que mais ou menos vinte porcos foram abatidos no ataque. Fazendeiros estimam que o prejuízo total seja por volta de 75 milhões de rúpias (8.244 dólares); a propriedade da fazenda foi seriamente danificada e cada porco valia de 600.000 a 800,000 rúpias (de 66 a 88 dólares).
O líder da organização de jovens, Abdul Haris, defendeu o movimento e disse que o odor da fazenda de porcos era ofensivo, "especialmente durante o Ramadã."
A observação do Ramadã deste ano, o mês muçulmano do jejum, começou no dia 15 de outubro e terminará no dia 13 de novembro.
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