Portas Abertas • 17 nov 2004
A seguir, uma reflexão de um irmão cristão da "Igreja Livre" a respeito do seu precioso momento de comunhão com cristãos vietnamitas.
Uma rara oportunidade abriu-se para nós visitarmos uma família cristã isolada a centenas de quilômetros de Ho Chi Minh (Saigon). A última vez que essa família recebeu uma visita de cristãos de além-mar foi há dois anos. Nós estávamos ansiosos por chegar lá.
Cinco voluntários e seis cristãos vietnamitas espremiam-se num pequeno furgão tarde da noite. Ia ser uma noite sem dormir quando saímos da cidade e ultrapassamos os veículos em menor velocidade, indo quase na direção dos veículos que se aproximavam. A única parada foi um rápido café à beira da estrada no meio da noite. Fomos tirados de um relativo conforto para embarcar numa balsa quando o novo dia começou a clarear.
Depois do café da manhã, às 7h00, dirigimo-nos ao rio e ao nosso próximo tipo de transporte - um comprido barco. Apertada conosco no estreito barco estava a nossa bagagem. Sentados no fundo, levou apenas poucos minutos para sentirmos câimbras nas pernas. Foi um certo alívio no momento em que tivemos motivo para nos movimentar. O nosso barco teve um vazamento de óleo e o motorista não conseguiu consertá-lo. Ele acenou para um "ônibus barco" (o único meio de transporte da região) e nos transferiu. Transferir bagagem e passageiros para outra embarcação no meio do rio não foi um feito pequeno. Os dois barcos eram de alturas diferentes e nós de várias idades e agilidades.
Ao chegarmos a uma cidade próspera, nos demos conta de que o rio é o centro dos negócios. Lá tivemos de passar para outro barco para a etapa final da nossa viagem. Depois de cerca de uma hora, finalmente chegamos.
A recepção que tivemos foi boa o bastante para compensar a viagem de 14 horas. Foi-nos indicado que entrássemos numa casa para descansar. Logo teve início todo tipo de atividade, com um dos jovens voltando para o almoço do serviço de dragagem do rio, as mulheres preparando carne e vegetais, e geralmente fazendo-nos sentir bem recebidos apesar da barreira do idioma.
Ficamos sabendo que há muitos anos havia uma igreja ali e que a mão protetora de Deus tinha estado sobre ela. Durante a guerra, ela havia sido protegida das tentativas das forças do governo de destruí-la. E desde 1975 ela permanecia aberta apesar das restrições do governo.
A igreja não tem pastor há 27 anos. O governo constantemente nega-lhes permissão para ter um. Isso não impede o Evangelho de se propagar na região. Existem agora mil crentes que se reúnem em sete locais diferentes, sem um único líder treinado.
O pastor S, nosso guia, foi até proibido de pregar nessa igreja. Ele precisa de permissão especial do governo antes de fazê-lo. Ele achou melhor não entrar na igreja ou sequer orar, porque isso poderia colocar em perigo os crentes que deixaríamos para trás.
Esta região tem visto acontecer inúmeros milagres. Eles têm visto alcoólatras, jogadores, assassinos e malfeitores transformados por causa de Cristo.
Houve até relatos de cura.
O pastor S acredita firmemente que coisas acontecem no plano espiritual, com combates entre o bem e o mal. Ele contou como cerca de três meses atrás ele estivera tentando visitar um grupo de crentes numa província adjacente. Três vezes em seu percurso o pneu de sua moto furou. Ele começou a ficar zangado e frustrado com Deus. Afinal, ele preferia estar em casa com sua família. Ele estava lá apenas para pregar o Evangelho.
Por que Deus não estava protegendo-o desses transtornos? Logo ele descobriu por quê. Na volta ao vilarejo, ele ficou sabendo que tinha mais de 250 policiais na área checando os documentos de identidade das pessoas, fazendo perguntas a respeito de seus negócios na região. Se não tivesse sido retido, o pastor S teria sido interrogado também e as conseqüências disso seriam imprevisíveis.
Deus verdadeiramente tem Seus olhos sobre aqueles a quem Ele ama. Ele é de fato um socorro bem presente nos momentos de dificuldade; um refúgio em tempo de tempestade. Os que estão nas regiões mais remotas do mundo podem verdadeiramente dizer que não estão esquecidos.
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